sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sessão deles


O grito do orgasmo é espontâneo,
mas o orgasmo é elaborado.

Essa é a estátua de Carlos Drummond de Andrade,
pensando sobre sexo,
na praia de copacabana (Rio de Janeiro)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sem Você

Nem na terapia conversei sobre como perdi a virgindade e agora me sinto no confessionário do purgatório, tendo que contar tudo num blog - acordo de ordinárias! Bem, serei breve, desabafando essa história que não comento (nem comigo mesma pra não deprimir). Ai, lá vou eu!
Conheci Arnaldo muito antes de imaginar-me casada com ele. Tinha cabelos de surfista, bochechas rosadas de sol e olhos verdes como o mar. Não me apaixonei ali, só tinha olhos para meu primo, amor platônico total.
Reencontrei Arnaldo e meu primo, anos depois, na avenida em pleno carnaval, e não associei aquele homem imenso, de costas largas e olhar esquivo com o surfista com cheiro de parafina. Meu primo desapareceu ao seu lado. Ali a gente se conheceu, se beijou, contei quatro palmos de costas, me pendurei em seu pescoço, me senti segura como nunca e começamos um namoro ansioso.
Não sou boa em guardar datas, então, alguns poucos meses depois, após um dia de praia, fomos para o apartamento vazio de um amigo dele e transamos no chão da sala. Se me lembro da sensação? Não sei bem... Fiquei procurando o sangue e não achava, comecei a me preocupar porque não usamos camisinha e veio a paranóia que podia estar grávida e meu mundo ruiria a partir dali, junto com minha virgindade.
Tensa como sempre fui, marquei, na mesma semana, uma consulta no ginecologista. Entrei, sem saber direito o que falar; lancei o discurso que considerava correto para o momento: estou iniciando minha vida sexual e gostaria de saber como prevenir DSTs e gravidez indesejada; também quero receita de um bom anticoncepcional – isso foi o máximo que consegui racionalizar. Ela pediu que vestisse aquelas roupas de exame, me deitasse na maca, veio com aquele objeto de filme de terror e... sangue pra todo lado.
Não tem nada de romântico perder o hímen num consultório ginecológico. Acho que por isso sempre tive a sensação de que fui violentada naquele dia, lembrando da dor, da indignação e da vergonha que senti em contar essa história pra quem quer que fosse. Sem glamour, nem brilho nos olhos como vejo nos filmes, deixei o símbolo da virgindade no lençol descartável do consultório da médica insensível.
Bem, casei com Arnaldo, meu grande cúmplice. Só eu e ele sabemos o quanto essa história determinou a nossa. Por isso também doeu muito me separar dele. Nos olhos dele é que me vejo melhor, até hoje, e escolhi a música de Antunes que diz como é esse sentimento que não nos permite viver juntos, mas ainda amá-lo como o guardião de minha alma:

Pra onde eu vou agora livre mais sem você
Pra onde ir o que fazer como eu vou viver
Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você
Eu gosto da luz do sol, mas choro sempre agora sem você, sem você, sem você, sem você
Às vezes acredito em mim, mas às vezes não
Às vezes tiro o meu destino da minha mão
Talvez eu corte o cabelo, talvez eu fique feliz, talvez eu perca a cabeça
Talvez esqueça e cresça sem você, sem você, sem você, sem você
Talvez precise de colchão, talvez baste o chão
Talvez no vigésimo andar, talvez no porão
Talvez eu mate o que fui, talvez imite o que sou
Talvez eu tema o que vem, talvez te ame ainda sem você, sem você, sem você, sem você

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Filhos de Gandhi – Sandália Richard e Meia Nike



Prometido, cumprido, escrevo meu primeiro texto ordinário com o tema mais inspirador do carnaval 2010 - apesar de não tão novo: a invasão dos Filhos de Gandhi “Genéricos” no carnaval de Salvador.
Começa pelo aeroporto onde encontrei um japa, de pele morena, dizendo que ia sair no Gandhi. Suspendi a sobrancelha esquerda, como sempre faço quando algo não me agrada muito, fingi normalidade e ainda
brinquei sobre o lance da troca de colares por beijos, costume que falaram hoje na TV ser símbolo de “status” para as mulheres que transpassam o colar no corpo, isso com uma seriedade psiquiátrica.
Acho o Gandhi um bloco lindo e tem muito homem bom lá, daqueles de dar água na boca, mas tá cansando a prepotência de uns caras que nem sabem o porquê das cores azul e branca e, quiçá, quem foi Gandhi, de achar que a gente tem que beijar na boca usada deles pra ganhar um colar comprado aos quilos no armarinho do shopping.
Antes comprar no camelô do que trocar beijos com esses genéricos fdp que entram nos blocos de graça, se aproveitando da tradição Gandhi, borrifando aquela alfazema da Farmácia Santana. Dá vontade de gritar que não me vendo barato, que meu passe vale muito mais, que se eu levei um fora o problema é meu e que se estiver infeliz o problema é meu também e ninguém tem nada a ver com isso! Ops, vivo dando arma para meus inimigos...
Abro parênteses para dizer que tenho/tive colar do bloco, dado por um Gandhi, já beijei um dos genéricos, já acreditei na mudança de status, ontem minhas amigas (extra)ordinárias que possuem discursos parecidos com o meu foram seduzidas pela água de cheiro e colares, uma beijou e a outra, pior, conversou com um genérico e descobriu o óbvio: que o cara tinha conteúdo simbólico zero. Mas nem por isso me entrego, continuo indignada, lutando pelo resgate da tradição e querendo que o bloco diferencie o sério do abusado, usando do conceito racial: eles brancos e azuis, os outros laranjas (podres).

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Química Carnavalesca


No carnaval as relações são fugazes e tudo deve acontecer muito rápido, no tempo exato da passagem de um trio elétrico.
Sempre achei que camarote era programa pra casal. Solteiro(a) que é guerreiro(a) vai pro chão beijar todas(os). Mas as minhas inseparáveis amigas acreditam que os camarotes são excelentes redutos de paquera. Então lá fomos nós dar uma banda num badalado camarote do circuito Dodô.
Era noite de sexta-feira e o local estava recheado de belos espécimes do sexo oposto. Homens pra todos os gostos, de (quase) todas as nações. Desfilávamos pra lá e pra cá, bebericando nossos drinks com charmosos canudinhos, quando dei de cara com aqueles olhinhos fáceis.
Olhou-me discreta e intensamente, estava com um grupo, talvez acompanhado. Resolvi ficar por ali, olhei novamente, ele retribuiu com um sorrisinho absurdamente discreto. Fiquei de costas, encostada nele, dançando. Havia tanta gente ali, que mesmo que ele estivesse acompanhado, ninguém desconfiaria das minhas (más)intenções.
Virei-me pra Uma Delas:
- Amiga, vê se ele usa aliança.
Ela lançou seu olhar maroto na direção da mão esquerda da minha vítima, e prontamente respondeu:
- Enoooooorme!!!!!
Putz! Tem sempre uma esperta que chega primeiro.
Desanimei e resolvi sair de perto. Mas saí olhando, jogando charme. Ele também, com aquele jeito de homem safado, que eu adoro.
Minutos depois ele estava no bar, a me fitar com seu olhar matador. Que homem era aquele...??? Me fez perder a noção. Parti em sua direção, ele se afastou do bar, me olhando fixo, pedindo que o seguisse. Fui em frente, adorando o clima de perigo eminente. Desceu as escadas e logo encontrou um esconderijo perfeito.
Lá estava eu, movida por um desejo arrebatador de estar nos braços daquele homem que não podia ser meu. E o desejo aumentou ainda mais quando senti o seu cheiro. Química total.




Que cheiro,
que beijo,
que pegada!







Ele estava enlouquecido. Era diferente dos carinhas do carnaval, que beijam e vão embora em busca de outras bocas. Ele parecia não beijar assim há anos... Química perfeita.
Nem sabia seu nome. Pra quê, se já sabia como fazê-lo esquecer-se de tudo e perder a razão...?
Ele beijava e falava como se estivesse diante da oitava maravilha do sexo oposto. Eu curti muito aquilo. Ganhei a noite. Foi a minha grande aventura do carnaval. Descemos mais uma ou duas vezes, com o coração aos pulos. Nos apresentamos, trocamos telefone e no dia seguinte nos encontramos pra dar cabo daquele desejo que nos consumia. Os detalhes daquela tarde de sábado não serão registrados aqui. São segredos inconfessáveis.
Pura química carnavalesca.

Elas neles

Carnaval é festa diversa, que consegue reunir todos em volta de um único objetivo: celebrar a alegria, ao som de muitos passinhos (esquisitos) de dança e muitas vozes de cantores, pagodeiros, amadores, povo, povo, povo...

E nessa folia, há espaço para bizarrices de todos os tipos: de homens que fingem ser mulheres a homens que desejam ser mulheres.

Complicado entender o planeta marte. Será que 'ser um homem feminino, não fere o seu lado masculino'? Não sei. Há mais teorias e constatações péssimas sobre isso.

Não sou preconceituosa. Admiro o jeito exótico e exagerado dos travestis. E nada contra a (boa) arte shakesperiana, quando os homens encenavam mulheres nas peças teatrais.

Mas creio que fantasiados de meninas, os meninos ficam ridículos: as roupas não lhe caem bem, o batom é sempre rosado demais, as perucas tortas demais. Os trejeitos, que coisa mais feia de se ver...

Fico a me perguntar em quem eles se inspiram. Só pode ser chacota. Não é possível que mulheres tão mal arrumadas e bobas existam de verdade!

Quando 'elas' passam sinto arrepios, e sinto vergonha por eles.

As arnaldas, carlinhas e zezinhas, todas extraordinariamente falsas, estão por aí, espalhadas pelas ruas e avenidas no carnaval, com suas meias rasgadas, assustando mulheres críticas, como eu.
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Ai, ai..tempos bons aqueles do cinema, que homens de verdade, após uma máscara e fantasia colada ao corpo, ganhavam super poderes, e ficavam ainda mais másculos. 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MINHA TROPA DE ELITE

Amo homem fardado. Me arrepio quando vejo um policial, um bombeiro, um comandante da marinha... dia desses, estive num quartel da aeronáutica. Passei mal, tamanha a minha dificuldade em aparentar calma diante de tantos olhares másculos daquela tropa toda ali.

Desse desejo, obviamente, já tive uns casinhos bem interessantes com policiais: de sargento a coronel...

Vou contar sobre cada um, aqui. Prometo. Agora vou sonhar com o melhor deles, aqui do meu lado...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ainda sobre Arnaldo


Conheci Arnaldo numa festa de casamento. Ele era a única coisa interessante naquele lugar. Se não tivesse ficado com ele, certamente estaria condenada a passar a noite com algum ex. Mas Arnaldo tinha outra opção: Uma garota loira, mais nova do que eu, que diziam lá na localidade, não tinha uma das orelhas. Apesar disso, ela era bonita. Chegou a encantá-lo, com seu sorriso meigo e cabelos longos esvoaçantes. Mas eu era mais eu. E Arnaldo também.
Hoje me arrependo. Se soubesse que ele era o escroto que é, teria deixado que ficasse com a loirinha meiga. Queria ver o que ele faria quando fosse beijando o pescoço dela, se aproximando do ouvido pra dizer palavras doces (e falsas) e se deparasse com um vazio no lugar da orelha esquerda da garota. Ahahahah. Você merecia isso, Arnaldo.
Me separei de Arnaldo duas vezes. Na primeira, fui idiota e voltei. O escroto comprou lingerie pra uma de suas amantes e deixou a nota fiscal em casa. Odeio homem burro! Quebrei o pau, ele pediu perdão, mas eu não quis saber, saí de casa. Ele continuou atrás de mim durante seis meses.
Um dia voltei à casa dele, catei um monte de tralhas de sua(s) amante(s), coloquei dentro de uma sacola de supermercado e levei até o local onde ela trabalhava. Um escritoriozinho de merda. Arnaldo adora mulher chinfrim (pra ele se sentir superior). Essa era (mais) uma pobre coitada que acreditou nele. No mínimo achava que lucraria algum com essa história. Doce ilusão. Arnaldo é miserável e não dá nada a ninguém!
Cheguei no escritório(zinho de merda), joguei a sacola de plástico em cima da mesa dela e disse:
- Voltei pra tomar posse da minha casa. Nunca mais apareça na frente de meu marido. – virei as costas e já ia saindo, quando voltei pra completar – a menos que você queira que eu volte aqui e arrebente esse escritório todo, incluindo você.
Não sei onde estava com a cabeça pra fazer isso. Arnaldo não valia tanto.

Dói, mas é verdade!

CASO 1:
Vocês se conheceram já faz um tempo... estão saindo, estão 'ficando' sempre. Já jantaram, foram ao cinema, de mãos dadas, se despediram apaixonadamente. Parece que 'já deu em namoro'. Na mesma semana, ele te ligou, não no dia seguinte, marcaram um novo encontro, e foram direto para o motel.
Nunca mais ele apareceu, nem para saber se você ainda existe.

CASO 2:
Vocês se conheceram na balada, beberam muito, dormiram juntos. Ele insistiu muito pelo seu telefone. Você, romântica até dizer CHEGA, deu. Claro que ele não ligou nem ligará NUNCA. Quer saber? Tomara que nunca mais se encontrem, bêbados ou lúcidos.

CASO 3:
Vocês se falam todos os dias, pelo msn. Também se falam vez ou outra por telefone.Passaram-se três meses de muito diáologo e afinidades. Transaram no primeiro encontro. Ele te bloqueou no msn. Talvez tenha deletado o seu número de celular.Também não te atende muito menos te retorna, quando você resolve ligar.

Preciso apresentar outro caso? Creio que não.

Definitivamente, caia na realidade: ele não te quer, ele não está afim de você.

APRENDA DE UMA VEZ POR TODAS: quem quer procura, acha, insiste, conquista, fica, liga no mesmo dia, no dia seguinte, no outro também.

Tem até filme tratando sobre esse problema do mundo líquido.

Estamos ferradas com esses IDIOTAS!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Podres ou bichadas? O fim

Depois de me emocionar, lembrando o quão meigo e envolvente é o meu lendário Carlinhos, que logo o apelidei de Cá, vou agora encerrar essa novela, contando a última e ultrajante história de namoro sem sexo, com a minha terceira laranjinha estatelada e disponível no asfalto, literalmente na beira da estrada.
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A LARANJA NÚMERO 3

A vez agora é do meu Zé: uma laranja amarela, vistosa, bonita, a la os sarados do big brother, lutador de jiu jitsu, corpão cheio de músculos arrebitados e... nossa, um ar de 'comedor' compulsivo.

A primeira vez em que nos fitamos, estávamos tomando um banho de sol, com vários amigos e conhecidos, numa quarta-feira de cinzas.

Imagine as contações das resenhas do carnaval e, ao mesmo tempo, a possibilidade de começar o ano (na Bahia é assim), e um namoro, num mesmo dia?! 

Que maravilha, hein? Claro que algo estava me sussurando coisas do tipo: isso ainda é carnaval, pura ilusão...

Mas ainda assim, insisti. Trocamos telefones, ele me ligou, marcamos e, enfim, começamos o estranho namoro. Pense numa laranja bichada? Eu não sabia o quanto...

Pelo tipo físico e idade do rapazola (menos de 30, pásme!), imaginei que não teria choro nem vela: nos 'comeríamos' na primeia oportunidade, até dentro de um carro ou num cinema, por exemplo.

E confesso que essa era a minha expectativa. Não me via de véu e grinalda, indo em direção ao altar, e dizer ACEITO para aquele homem, com cara e trejeitos de pit bull. Com ele, juro, eu só desejava muitas horas de sexo!

Claro, queria mais diversão e leveza, com alguém novo, cheio de projetos, sonhos e vontade de curtir a vida adoidado. Minha rotina era tão fechadinha de compromissos que estar com ele seria uma RPM- revolução por minuto.

Mas que nada....

Ele também não me comeu. Isso é muito óbvio e lógico, para quem está acompanhando esse festival de vida, isto é, fase assexuada, dessa criatura indignada que me tornei com esses tipos, que agora quero distância.

Tantos músculos, tanta resistência física, tanta testosterona e NADA. Saimos muitas vezes, de mãos dadas, dormimos juntos embriagados ou lúcidos. NADA ACONTECEU.

Basta de especulações. Quem dera fossem ejaculações...(!)

Só há uma certeza: ele é gay e nem sabe. Um gay, filho de pai de santo, que ama fazer ebó no dia 31 de dezembro, de todos os anos. O negócio dele é curtir pagodes, correntes grossas e colares dos seus orixás, partido alto, aparelhos de academia, homens, bichas e afins.

Zé, vá comer Mané. E sai do meu pé, chulé!

Podres ou bichadas? Parte II

Essa é segunda tentativa de catarse. "Laranja madura na beira da estrada, ou tá podre ou tá bichada". Esse ditado, tão popular, carrega um mundo de significados.

Pensando na analogia homem podre com laranja podre...o que quer dizer podre? Não presta para o uso? Não alimenta mais? Não satisfaz? Tornou-se lixo? Não há como recuperar essa alminha apodrecida?

E o homem bichado com a laranja bichada...será o mesmo que dizer: desse mato não sai coelho, sai outra coisa? Não há com o que se surpreender, só com o que se frustrar? Aguarde mais a fundo..conheça mais e verás a grande enrascada em que se meteu...

Pensando nisso tudo, preciso agora falar sobre a segunda história das minhas três laranjas das quais não provei o sabor do sexo de nenhuma delas. Que frustração carrega esse ser humano...coitadinha de mim.

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A LARANJA NÚMERO 2:

Arnaldo já era. Virou lenda aqui. Apresento-lhes o meu Carlinhos. Não é baiano, claro. Quase um quarentão, educadíssimo, inteligente, sensível, um cheiro maravilhoso, um perfeito cavalheiro.

Os almoços em restaurantes fantásticos, com vistas paradisíacas. Jantares à luz de vela. Encontros memoráveis.O primeiro beijo foi enlouquecedor. Tudo encantou.

Isso mesmo. Meu Cá (apelidinho)  é encantador, do momento em que te olha até o momento em que se despede, pessoalmente e depois por telefone, para saber se você está bem, se chegou em casa direitinho, se já comeu, se vai dormir, se vai sonhar com ele...

Um verdadeiro príncipe.

Ou seja, só não se encanta, quem não acredita mais em príncipes.

Mas todas as mulheres acreditam. A lavagem cerebral que nos fizeram na infância, com os contos clássicos, que a gata borralheira, a pobretona se transforma em bela cinderela, e que todos os males chegam ao fim, e num altar, com um belo e rico homem à espera, isso perdura até os nossos dias.

Se assim não fosse, não iríamos acompanhar a história de Brad Pitt e sua diva, de Javier Bardem e namorada perfeita, etc, etc, etc...

Eles existem sim. Talvez não andem mais em cavalos brancos. Na ficção, é mais comum encontrá-los. Na vida real, fingem ser normais, em seus carros com bancos de couro e câmbio automático.

Uns sedutores maravilhosos. Canalhas, mas nunca cafajestes. Nenhum príncipe o é.

O problema real é que nos acostumamos com os sapos e ogros, até porque nas 'estórias' da carochinha, eles também já existiam para nos confundir.

Voltemos ao meu Carlinhos. Meu Cá não me comeu. Passados mais de sete anos que eu o conheço, a verdade é que ele não conseguiu me comer.

Não porque eu fui difícil ou coisa parecida. Fui (e sou) fácil, para ele, por quem meus sinos dobrariam o cabo da boa esperança...

Ainda me derreto toda vez que o vejo. Minha voz fica mansa, minhas pernas tremem e o mundo nem faz sentido. Ficamos numa névoa, somente nós dois. Todo o resto some, abruptamente.

Tenho algumas teorias, além do dedo podre que minhas amigas insistem em dizer que tenho, tamanha a minha facilidade em atrair tipos extraordinariamente intrigantes.

Carlinhos definitivamente é intrigante, e casado. Quer coisa mais incrível que isso? Não me come e é casado. Pronto. Falei.

A primeira hipótese é que ele não quer estragar o romance no ar instaurado, desde o dia em que nos conhecemos, por causa de uma batida entre nossos carros. Besteira dele. Eu faria de tudo para manter e elevar ainda mais o romantismo. Mas ele pode ser assim.

Outra possibilidade é ele ter ejaculação precoce, e como já se passou muito tempo, teme me decepcionar. Que bobagem, eu amo fast food!

Não posso revelar isso pra ele. Me trata como se eu (ainda) fosse virgem! Também não posso decepcioná-lo!!!Casado mas quer 'enamorar' uma virgem? Será isso? Que coisa mais absurda!

O pôr do sol na lancha dele, só nós dois, me prova de que isso deve ser 'a' mais pura verdade.

Muito tesão, mas muito mais retenção... que lástima!

A outra e talvez a mais assertiva é que ele teme acabar com nossa amizade. Mas 'amor sem sexo é amizade'. Então eu concluo que Carlinhos me ama. Mas 'sexo sem amor, é vontade'. Então eu deduzo que por ter muita vontade, portanto, não o amo.

Ai Rita Lee, agora você me confundiu!

Não creio que ele seja uma laranja bichada. Deve estar podre, pelos anos perto de uma feiosa bruxa, e longe de uma bela adormecida (e sonhadora), como eu!

Mas a realidade me mostra que os ogros e os sapos ganham cada vez mais espaço, nesse mundo entupido de homens totalmente opostos do meu Carlinhos, um amorzinho.

Nada de sexo, com ele.  Mas que 'era uma vez' de FIM mais tristinho! Agora um chorinho...
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Definitivamente ele nem pode ser considerado uma laranja. Trata-se de uma doce e suculenta maçã (do amor), só que proibida, por isso, envenenada para mim. Paixão e morte súbita como sinônimos.