quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

"Quem vê cara...

...não vê coração!"

Pior. Quem vê cara, não vê é nada, além de uma imagem, ou de um fake, muitas e muitas vezes. Não è a toa, que as redes sociais são tão criticadas pelos intelectualóides [chatinhos] de plantão.

Também não deve ser por acaso, que esse jargão do título é tão usualmente repetido. Certamente, já concordarmos que 'onde há fumaça, há fogo'. Ou já existiu fogo.

Portanto, vamos dosar nossas ansiedades, e, quem sabe, e daqui pra frente,  nos tornarmos menos julgadores das impressões à primeira vista.

Desculpas. Era pra ser um texto leve, divertido. Era pra lembrar o natal, as festas e baladas dessa estação tão aguardada por todos nós, pertencentes ao hemisfério sul. Era. E pode ainda ser. Vou tentar...
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Estive em mais uma das muitas confraternizações que me propus em participar, nesse finalzinho de segundo tempo, deste ano que [ainda] não acabou. O amigo secreto foi definido por uma grande amiga e sua proposta é que deveríamos aderir à onda dos presentinhos eróticos, dentro do valor estipulado [R$50,00].

Ou seja, adentrar num 'sexshop', e escolher algo para incrementar lençóis alheios, sendo nós, simpatizantes ou não desses acessórios sexuais. E lógico, presentear com algo bem extraordinário, que pudesse revelar nossa [suposta] ousadia e intimidade, em lidar com esses tais recursos afrodisíacos.

O problema pra mim, e pelo que vi, só pra mim, foi definir o que comprar. Nunca estive em nenhum sexshop. Nem sei aonde estão localizados. Nunca prestei atenção nas propagandas. Nunca quis ir em nenhum. Essa é uma meta [até então] não formulada.

Depois de ontem, creio que vou continuar não enriquecendo os empresários desse 'negócio'. Não é por nada não. Eu já virei o cabo da boa esperança, e na fase 'enta' em que me encontro, nunca senti falta de nada disso. Por que ia mudar agora, quando me sinto tão mais madura, sexualmente?

Devaneios e crises à parte, eu tinha que comprar algo. Daí, fui numa loja que sempre frequento, com ideias de presentes bem criativos, e encontrei um que me pareceu perfeito para a ocasião. Um pêndulo do amor. Achei lindo o trocinho. Lúdico, divertido, vermelho. Me imaginei vivenciando uma boa partida com um homem daqueles, de arrancar suspiros e roupas, só com o olhar maroto. Me imaginei rindo, feliz, por estar inovando nessas cenas sexuais.

Imaginei, então, que a minha amiga oculta iria amar o pêndulo.

Decepção geral. Pensem numa feira livre que todos gritam e anunciam o fim do mundo? Foi mais ou menos assim o caos instaurado pelo meu sugestivo brinquedinho, tão inofensivo. Deve ter sido, justamente, por ser tão inofensivo!

Sem querer, provoquei o maior alvoroço na mulherada. Eu, emudecida, fiquei observando um total de nove bocas, braços e mãos falantes, que surtaram, literalmente, com a minha proposta de presente.

Odiaram. Rejeitaram. Ficaram indignadas. Sentiram-se ultrajadas. Eu, boquiaberta com a [anti]reação, entendi que minha 'imagem coletiva' de ordinária mor estava sumindo, sumindo, sumindo...

Eu procurei apoio. Zero. Ninguém me apoiou. É que todas discursaram, me detonaram, e entenderam que eu não sabia o que significava provocar um sexo animal, diferente, inusitado.

As minhas novas imagens, assim, foram postas à mesa.

Sou careta? Faço pouco sexo? Sou muito normalzinha? Sou sem graça? Não seduzo? Sei mesmo o que é sensualidade? Não sei fazer o balacobaco? E agora, tadinha, eu preciso de um curso, de treinamentos, de tratamentos de choque? Como faço para me adequar às demandas do mercado do sexo?

Claro que nos divertimos muito. Somos amigas de longas datas e tudo acabou em abraços e gargalhadas.

Mas voltei pensativa. Quis escrever logo, pra não deixar as ideias esfriarem.

Não gosto de autoimagens. Não curto ser rotulada. Acho o maior barato a surpresa, ser especial, ter noites especiais com homens especiais. Curto muito ouvir que sou deliciosa, que sou na medida, que faço e aconteço sem exageros, sem artifícios. Adoro o 'papai e mamãe', que pelo visto, está à beira da morte.

Pra mim, extraordinário mesmo é aquele sexo com doses cavalares de romance, de cumplicidade. Com direito a vinho em taças grandonas. Uma música envolvente na vitrola, ou quando ouvimos: 'deixa eu te olhar muito', ou 'queria tirar uma foto sua assim', ou 'você é uma delícia', ou 'quero mais você'...

Sério. Não há vibrador, nem em tamanho extralarge, que nos faça sentir 'aquele' arrepio de pé do ouvido. Ou que nos conte os segredos de liquidificador, como exagerou o exagerado Cazuza.

E falo com propriedade, afinal preciso me defender das infâmias! Juro que faz pouquíssimo tempo que me deliciei e ouvi coisas assim.

No cenário, a luz era normal. Não nos penduramos em lustres. Não havia cuecas ou calcinhas comestíveis, de sabores duvidosos. Não havia filmes pornôs. O quarto era o meu. A cama tinha meu cheiro. E o homem estava ali, inteiro, comigo.

Duvido que não estive quente. Que não lhe revelei o meu calor. Que não demonstrei o meu apetite voraz. Duvido que ele tenha sentido falta de geléias [eca] ou choques [ui]. Duvido que o ar estaria mais instigante se existissem velas perfumadas ou incensos. Não me recordo de ele ter me pedido um chicote, ou que eu usasse a cinta liga. Ou algemas. Sexo é liberdade, gente!

Querem saber da maior? Ah, eu sou basiquinha, sim. Uma ordinária basiquinha mor, que tem borogodó e isso ninguém me tira! E claro, nào se vende, detalhe... :)

Provocações bobas à parte, aproveito para desejar um ano novo fantástico para todos e todas...

Ah... desejo ainda sexo, SEMPRE, com ou sem pêndulo do amor, com ou sem parafernálias. Ah... desejo também muito sexo com amor. E, SEMPRE, com camisinha. Porque também aprendi que, "quem vê cara, não vê nenhuma doença".

Nos cuidemos, pessoas extraordinárias!!
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Obs: E não faço a menor ideia de como usar o apetrecho siliconado que ganhei...