love me, love me |
Coisa louca essa onda de paixonite aguda. É mesmo uma 'ite'. Me parece uma inflamação absurdamente intensa e contagiante. Sai do coração, passa pelo corpo inteiro e fixa na cabeça. De fato, quando me apaixono, meu pensamento é só no outro. Ou no sentimento que o outro me desperta.
Buscamos, no objeto (digo, sujeito) da nossa paixão, as afinidades: do que comer a onde viajar nas férias. O que gosta de ouvir. Filmes, esportes, leituras, artistas e suas artes. É como se, a partir de coisas afins, nos tornássemos afins, cúmplices. E isso é cíclico. Afetos desfeitos, levantamos, sacudimos a poeira e antes de darmos a volta por cima, já estamos em pé, prontas para um novo jogo, reaprendendo a encantar-se para amar o novo amor.
O amor romântico, tão proseado por tantos, é mais ou menos assim: a capacidade que temos de dar vida, ou querer vida, em algo que é pura subjetividade. E amamos o cheiro das coisas, as músicas prediletas, a lua que fica mais linda e alta, o ar que parece menos carregado, o sol que aquece mas refresca. Como se isso fosse possível.
O mundo fica mais bonito. Tudo lembra uma canção de amor. Tudo soa bem. Tudo aparenta calma, alegria, energia boa. E quando é recíproco? Nossa, aí danou-se. Ficamos em estado de graça. Pura magia.
Pena que dura pouquinho. Mas como seria se isso fosse pra sempre? Certamente não haveria a tal da saudade. Nem tanta nostalgia. Não, não haveria tanta respiração ofegante. Reencontros cheios de ansiedade, peles arrepiadas, mãos suadas, corações batendo descompassados, quase na boca, de tanto que pulam e exigem atenção.
A paixão é mesmo uma loucura deliciosa de viver e de sentir. Sim, juro que quero essa insanidade toda vez que o toque do celular anunciar a chegada. Ou meus olhos reconhecerem os dele, no meio de uma multidão.
E o The Corrs com isso? Tudo. Todas as músicas são extraordinárias, só de amores intensos. Essa foi a primeira que ouvi deles, um quarteto de manos músicos e sensíveis.