quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Carta para um (novo) amor?

leia com carinho

Eu poderia ter esquecido você naquele local inóspito, dentro da caixa das piores lembranças de coisas que eu não deveria ter permitido viver. 
Poderia ter perdido as chaves.  Melhor. Poderia ter jogado as chaves ao mar, e torcer para que um peixe que curte comer tudo que machuca, comesse.
Porque não sei se sabe, ou se deu conta, você me machucou, mesmo. Me deixou acreditar que fui nada pra você. Me fez odiá-lo. Me fez torcer pra nunca mais cruzar o meu caminho com o seu. 
Hoje tenho, ao mesmo tempo, a intuição de que foi só uma fase ruim, e pra ambos.
Depois da mágoa curada, fico feliz, por não ter jogado as chaves ao mar. Ficaria enlouquecida, à procura de algum peixe tarado por coisas fortes.
Porque tenho certeza de que sabe, foi forte o que nos ocorreu. Mesmo pela brevidade do tempo, que nos uniu e nos separou, como uma chuva de verão, daquelas rápidas, com pingos tão bravos que doem ao bater na nossa pele.
Causou uma tempestade em mim. Fiquei literalmente molhada, do tanto que chorava e lamentava ter perdido a oportunidade de estar ao seu lado quando a chuva esvaziasse.
Porque não imagino que saiba, eu fiquei me sentindo vazia depois daquele encontro de uma noite só. Desejei novos encontros. Desejei você em minha rotina. Desejei me encaixar na sua, como se tivéssemos descoberto a pólvora, tamanho o estrago do fogo.
Por tudo isso, não tinha mesmo como te esquecer naquele local inóspito, dentro das piores lembranças. Te coloquei no lugar errado. Você não foi um evento ruim ou lastimável. O tempo nos traiu.
Hoje, ao receber seu torpedo, aquela pólvorazinha reacendeu, (ainda) não sei o que, dentro de mim.
Assim, loucamente, corri atrás das chaves, tropecei nas escadas, em busca da caixa nada esquecida, e cheguei naquela noite extraordinária, em que andamos de mãos dadas e, acredite, trocamos juras de amor eterno.
Tomara que minha intuição esteja mesmo certa.
Que nós dois não tenhamos perdido a noção do que ainda podemos ser um pro outro, com brevidade ou longevidade, com ou sem juras de amor eterno.
Tomara que minhas reticências, na resposta ao seu torpedo, sustentem essa leitura que faço hoje, do que já passou, e do que ainda está por vir. Tomara.