segunda-feira, 25 de julho de 2011

O natal, pra sempre.

Eu ando estranha. Fico tão centrada em meus processos, que nem noto que já estou diferente de ontem. Me sinto muito estranha. Mudo a cada novo segundo. A boa notícia é que me sinto mais densa. Daí lembrei de "A insustentável leveza do ser", livro pesado que tentei e não sustentei a leitura por 'n' tentativas diferentes. Me lembro de ter enlouquecido um pouco, de tanto que eu buscava entender o que o autor, naquela trama, queria dizer com 'estar insustentável, tamanha a leveza do ser'.

Esqueçam o primeiro parágrafo. Vou (tentar) começar de novo.

Eu ando leve. Fico tão perdida em meus processos, que nem noto o quanto deixei o peso para trás. O pesado ficou distante. Estou mais leve a cada novo segundo. A má notícia é que me sinto mais densa. Por que, má? É que estando mais leve, e mais densa, ao mesmo tempo, sobram poucas possibilidades de viver aventuras. Ou sobram muitas? Nó. Fiquei confusa.

Sempre achei que a Rita Lee deveria ser uma co-autora desse bloguito. Me lembro sempre dela, quando penso no binômio 'sexo-amor'. Aquela música que tenta definir e explicar as diferenças entre um e o outro é mesmo extraordinária. Combina com o meu novo jeito 'leve-denso' de ser. Quando ela canta que 'o amor vem de nós e demora', dá uma vontade imensa de amar, de amar, de amar... não há desejo mais leve que esse. Mas quando ela diz 'sexo vem dos outros, e vai embora...", dá uma dor imensa. Uma vontade de segurar quem quer ir embora, pra amar, amar, amar...não há desejo mais denso que esse.

Daí comparo sexo com pizza, amor com ceia natalina. Um, comida necessária, às vezes quente, outras nem tanto, mas sempre prazerosa, ou nem tanto. O outro, comida feita com carinho, preparo, que aguardamos com ansiedade pelos reencontros. Comida servida com calor humano, ou nem tanto, mas sempre encantadora, romântica, que faz a gente sonhar com um ano novo melhor pela frente, um mundo melhor, dali em diante, com mais amor, amor, amor...

E o grau de densidade vai se ampliando. Transa sem vínculo é boa, sim. Dá aquela vontade, vem o ápice, o apogeu,  depois a queda da adrenalina. Os corpos se separam, se despedem, e do jeito que a água escorre pelo ralo, cada um vai viver a vida do seu jeito, sem mágoas, mas sem amor, amor, amor...

E o nível de leveza vai surgindo. Transa com cumplicidade é extraordinária, sim. Dá aquela vontade, vem o ápice, o apogeu, depois a surpresa das novas carícias, aqueles carinhos sem segundas intenções, ou cheios delas. Os corpos se unem mais, se entregam, e cada um fica ali, colado, ao lado, querendo respirar o outro, engolir o outro, com amor, amor, amor... isso é enlouquecedor de tão bom.

Qual o desejo que sinto? O que prefiro? Eventos natalinos, óbvio. Com direito a comer muitas pizzas: quentes, mornas ou frias. Saborear muito peru, em ótima companhia. Me preparar para cada novo encontro, como se fosse o mais especial. Festejar a paz. Degustar doze uvas doces. Quebrar nozes. Beber vinho em taças lindas. Fazer promessas. Ouvir músicas que embalam. Dançá-las. Olhar nos olhos. Inspirar e sorrir ao sentir aquele cheiro conhecido. Viver o silêncio que há entre duas pessoas que se entendem e se aceitam, misturado com o barulho, que também há nessas duas pessoas, que se entendem e se aceitam. Amor, amor, amor. Muito sexo, sim, mas com amor. Aquele, 'que demora...'