sexta-feira, 27 de maio de 2011

Barriga Masculina

Após constatar que não há homem solteiro da minha idade, conclui que também não há homem da minha idade sem uma protuberância considerável na parte frontal do corpo. O que alguns ousam chamar de “calo sexual” (que eu, particularmente, considero de extremo mau gosto), torna-se cada dia mais comum e aceitável socialmente. 
Os homens entopem-se de chopp nos fins de semana e isso vai contribuindo para o aumento da pança, e diretamente proporcional a isso, vai diminuindo o meu tesão. 
Quando era garota, a primeira coisa que olhava num homem, era o rosto. Se fosse bonito, já tinha 50% de chance comigo. Aprendi que há outras coisas por trás de um rostinho bonito, mas é inevitável desanimar completamente ao me deparar com o chamado “excesso de fofura”. 
Ô coisa bisonha...
Algumas pessoas tem verdadeiro pavor de academia. Eu não entendo isso, não que seja fã de malhação, mas compreendo que há coisas na vida que são necessárias, ainda que sejam chatas e não nos tragam prazer algum. Eu não malho, mas também não me entupo de porcaria, nem de cerveja, que vão acabar detonando, além da minha saúde, o meu poder de atração.
Mas homem "se acha", porque tem mulher demais no mercado, então se dá o direito de ser barrigudo e comilão!  
Arnaldo não tinha barriga (“tinha” porquê? Arnaldo morreu?). Carlinhos, o Sr. Perfeitinho é pançudo. E Zé, o barriga de lama que deixou minha amiga extraordinária com os quatro pneus arriados, portava uma almofada sob a camisa. 
Quando o cara é gordinho, até libero, porque é gordo mesmo e se você decidiu ir pra cama com o papai noel deve estar preparada pra tudo. Mas homem magro com barriga me brocha totalmente. Se for baixinho, então, passa longe que eu vou atrás de um tanque!

sábado, 21 de maio de 2011

Nem era carnaval...

Estava eu, no desembarque, tentando encontrar um rosto familiar. No meio da espera, ele me apareceu. 8h30, horário local. O cara tinha no máximo 30 anos. Corpo atlético, cara boa, sabe? Também achei que era muito cedo para paquerar. Mas assim como o amor, uma boa paquera não tem tempo certo pra acontecer. Quanto mais ele me fitava com olhos devoradores, eu me sentia a mais imperfeita das mulheres naquela aeroporto cheio de executivas de pastas de couro, maquiagens e cabelos impecáveis, vestindo seus saltos de 15cm. Não podia ser comigo, concluí. Mas não desgrudei os olhos dele. Queria mesmo acompanhá-lo, até quando a minha visão não o alcançasse mais. Daí lembrei do que eu vestia, e que não tinha sequer um mísero batom nos lábios, que não tinha tomado o meu café da manhã, que a única coisa lúcida que tinha feito, foi ter ido ao banheiro e escovado os dentes. Ufa! Minha bolsa pesa muito, mas me senti aliviada de ser tão limpinha quanto esperta, numa viagem cheia de escalas pela frente. Mas não me sentia confortável. Escolhi uma roupa "nada a ver". Misturei botas pretas tipo "cowgirl", calça preta, camisa pólo preta, e pásme, um blazer branco, de tecido, mas que de longe, tenho certeza que parecia couro. Me faltava apenas um chapéu de vaqueira, que cairia até bem, pois o meu cabelo não estava escovado, pelo contrário, tinha prendido de qualquer jeito, como se estivesse em casa, num dia de faxina. Pois bem, o cara de sorriso maroto (nome de banda?), continuava me medindo dos pés à cabeça. Talvez querendo ter certeza de que era possível alguém se produzir pra uma viagem como eu, tamanha a sua surpresa com minha produção, que eu confesso, estava extraordinariamente ridícula. Mas, acredite, ele não se intimidou com meu estilinho estranho e "nada a ver". Quando eu achei que tivesse perdido o tom da paquera, ele fez meia-volta e voltou mesmo, em minha direção. Nervosa, começei a rir pra ele, e por dentro, achando graça de eu ter conseguido atrair uma gracinha daquelas, assim, sem um café da manhã, uma sombra digna de uma mulher decente, ou cílios alongados. Ele se aproximou de mim, retribuiu o sorriso e apenas disse:
- como eu iria partir sem conhecer você?
- eu não acredito que está paquerando num desembarque...
- qual o problema?
- nenhum, só fiquei boba com sua atitude...
- vamos tomar um café?
- não posso...estou aguardando uma pessoa, que deve estar desembarcando agora...
- que pena...
Conversa vai, conversa vem...coisas de aeroporto, sabe? Pois então...trocamos nomes, afazeres, moradias, destinos e até telefones, em menos de quinze minutos da paquera mais extraordinária que já me ocorreu. Andamos um pouco, subimos escada rolante e ele segurou a minha mão direita...parecíamos um casalzinho em lua de mel, à espera do vôo pra Paris. Cheguei a pensar alto, quando lhe disse:
- é muito inusitado, tudo isso...não estou acreditando!
- e o inusitado não é bom?
- mas você não está no carnaval da Bahia, não há blocos de rua, nem camarotes, nem estamos alcoolizados...nada justifica isso....
Ele riu da comparação e tentava se aproximar, mais e mais.... eu disfarçava, incrédula.
- sim, muito bom...mas ok, Zezinho. Eu vou para o portão de número 7, e você?
- vou para o portão G, do lado oposto.
- precisamos nos despedir...
O cara era novinho, mas cheio de atitude. Um homem alfa, meu Deus....Amém...ele me puxou para perto dele, me enlaçou e me deu um beijo, numa esquina do aeroporto, como se estivéssemos sozinhos e, talvez, na nossa suíte, já em Paris... o que eu fiz? Ah... primeiro eu ri, nervosa com tanta coisa nova e diferente; depois me dei conta de que existia um homem alfa, quase grudado em mim, pedindo atenção. Decidi me entregar aos seus beijos, aos carinhos; o portão de número 7, ou o G, poderiam ter sumido, pois era ali que eu queria me esconder. Nos braços daquele estranho chamado Zezinho. Enfim, uma história boa, em pleno mês das noivas. E Paris ficou bem pertinho de mim...