sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sessão deles



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Eu já sabia disso, mas os Beatles foram extraordinários em chamar a minha atenção, sobre o que eu realmente preciso, nesse momento.

sábado, 24 de abril de 2010

<< A Seta e o Alvo >>

Conheci Carlinhos no shopping. Era sábado, combinamos de almoçar, eu e as meninas, vindas de todos os lados da cidade, cada uma saída de uma atividade diferente: uma da academia, outra dos livros de medicina, outra do salão, eu de uma manhã de trabalho, mas todas com um desejo intenso de falar e comer – tudo o que passasse pela frente! Eis que Carlinhos passou, com o pai, estavam procurando um presente, acho. Quando minha amiga extraordinária gritou seu nome e correu para falar com ele, com braços abertos, o coitado tinha aquela expressão de assombro que os homens tímidos fazem quando são destacados na multidão. Usava uma bermuda longa, camisa vermelha, tênis e meia. Segundo ela, homem que usa meia é tudo de bom. Denota cuidado, asseio. Agora a gente vive caçando homens de meia. Um parêntese cabe aqui: não é em todo o momento que um homem de meia atrai. Pense em um homem nu, deitado na cama de um motel, usando meias? E se as meias forem pretas e finas? E se além de pretas e finas elas estiverem esticadas até o meio da canela? Enfim, Carlinhos estava de meias, brancas, e tênis, tudo muito adequado. E usava óculos de grau! Ah, homem que usa óculos de grau é que é tudo de bom! Dá um charme especial, um ar de reserva, mistério, super-homem disfarçado de Clarck Kent. Era a cara do ator da novela das oito! De óculos de grau, meia, e olhou para mim! Como assim olhou para mim? Estava toda descabelada, tinha acordado às seis horas da manhã, hora também que me olhei pelo espelho pela última vez! E essa camisa, pra que vesti essa camisa! Justo hoje que um cara de meia e óculos de grau, que de quebra se parece com o ator da novela das oito, olha para mim! Ele deve estar pensando “que roupa esquisita para usar no sábado”, ou pior “será que ela trabalha no estacionamento?”. Ai, que ódio! Ainda bem que prendi o cabelo. Imagine se alem de estar com essa camisa, no shopping, sábado a tarde, estivesse com o cabelo solto? Aí ele pensaria “preciso chamar o segurança”. Não me aproximei, falei de longe “olá”, e ele “oi”. Pronto, foi só. Ele continuou a falar com minha amiga, e ela combinando para irmos todos para a boate a noite, e eu fingindo que estava louca por um cafezinho – nem bebo cafezinho! – me virei para a moça da lanchonete e pedi “um café, com creme” – odeio café com creme, mas acho chique, podia também desfazer a imagem de recepcionista do estacionamento. Tive que tomar o café todo, enquanto ela terminava de combinar horário, local, tudo certinho. Carlinhos deu um tchau geral para todas, chamou o pai, que estava escorado no balcão da lanchonete, provavelmente olhando enquanto eu fazia caretas, querendo vomitar, para tomar aquele café com creme, e foram embora. Ufa! Agora é pensar qual roupa usar a noite. Resolvi usar um jeans e uma blusa beringela, cor vibrante, na moda, bem diferente da camisa branca; uma sandália alta, preta, completou o look. Faltava o cabelo, o que fazer com esse cabelo? Prender. Ficava séria de cabelos presos, e assim ele me reconheceria mais rápido: a mulher do café com creme. E de camisa branca, ai! Esquece isso. Quando chegamos ele já estava lá. E foi como sonhei; de repente estava de mãos dadas com o homem que era a cara do ator da novela das oito! Que delícia! Toda a estratégia de conquista funcionou: me aproximei lentamente, como se não estivesse interessada – “você chegou cedo”, “foi”, “quer beber alguma coisa?”, “peguei uma cerveja agora, mas vou com você até o bar”. Pronto, bom começo levará a um final feliz. Nem tanto. Dançamos, bebemos, nos beijamos, bebemos, comemos, bebemos, e eu vomitei. Vomitei! No meio da boate eu vo-mi-tei! E ele me deu água, que fofo! Olhava para ele e via o cara da novela das oito, de óculos e grau, e de meia! Pedi que ele levantasse a calça para ver se usava meia, e ele estava de meia. Que fofo! Carlinhos me levou para casa, não antes de rodar quatro vezes em volta do quarteirão, a meu pedido, para exalar a bebida que ainda se movia em minha corrente sanguínea. Esperou que eu entrasse e foi embora. Acho que me beijou, no rosto. Queria morrer no dia seguinte! Consegui paquerar o cara da novela das oito e estragar tudo. A surpresa veio no meio da semana. Ele me ligou e saímos novamente, e novamente, e comecei a namorar com o cara da novela. Namoramos por cinco meses. Descobri que Carlinhos não era a perfeição só porque usava meia e óculos de grau. Nossa música era “A seta e o alvo”: eu falo de amor a vida, você de medo da morte / eu falo de ..., você de azar ou sorte”.... Acabou, mas rendeu um texto divertido que regato agora após alguns anos escondido entre meus escritos-desabafos que sempre me divertem.
Por Paulinho Moska, de onde veio minha inspiração: http://www.youtube.com/watch?v=nxhzmCUvkcU

quarta-feira, 21 de abril de 2010

EX

Quando era adolescente meus ex namoradinhos sempre quebravam um galho nas festas onde nada mais interessante havia. Com alguns deles a cumplicidade era tanta que nem precisávamos falar nada. Bastava um olhar e já sabíamos que não nos restava nada naquela noite, a não ser cair nos braços um do outro. Eram os "ficantes".
Depois que me separei de Arnaldo recebi zilhões de telefonemas e cantadinhas baratas de ex namorados.   
Pergunte se tem algum solteiro... Claro que não! 
(Cheguei à conclusão que não existe homem solteiro da minha idade. E se existir, deve haver alguma coisa de errado com ele... Melhor cair fora.)
Ex é a treva, e casado então... chave de cadeia!!!

Confiram o link e morram de rir: 
http://desciclo.pedia.ws/wiki/Ex-namorado

domingo, 18 de abril de 2010

Será que ele é?

Tenho tentado não sucumbir à vontade de soltar um belo grito de indignação, a cada cruzada de perna dele, a cada drama por nada, a cada vez que ele fofoca ou fala por trás de alguém que frustrou sua expectativa. Mas há momentos, ainda que relâmpagos, que vejo nele um homem com H maiúsculo: da forma como me olha à forma como fala, anda, gesticula, mexe com as mãos. Os olhos dizem muito. As mãos, mais ainda. Fico envolvida e esqueço das trocentas coisitas de mulherzinha ordinária, que aparenta ou deseja ser.
Falo de coração, do coração cansado de esperar. Essa coca cola não é uma fanta. Se for, por que será que gosto tanto de pensar em bebericá-la, até a última gota da sua cor laranja?

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sessão deles


Quando um coração que está cansado de sofrer
Encontra um coração também cansado de sofrer
É tempo de se pensar,
Que o amor pode de repente chegar

Quando existe alguém que tem saudade de outro alguém
E esse outro alguém não entender
Deixe esse novo amor chegar,
Mesmo que depois seja imprescindível chorar

Que tolo fui eu que em vão tentei raciocinar
Nas coisas do amor que ninguém pode explicar
Vem nós dois vamos tentar,
Só um novo amor pode a saudade apagar

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Caminhos cruzados. Tom Jobim, romântico até dizer CHEGA!, foi mais uma vez extraordinário nessa canção. E dizem as boas línguas, que a conspiração é a melhor das armas quando desejamos muito ver algo concretizado. Conspiremos então, em nome do amor. Da fé que o amor vai chegar. E a chuva cessar, ou não. Afinal, namorar com a chuva caindo lá fora, uau, que delícia!!

E na voz de João Bosco, uma das melhores interpretações. Ideal para ouvir, nesta sexta-feira chuvosa.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Feliz de quem beija!

Beijo é maravilhoso porque você interage com o corpo do outro sem deixar vestígios, é um mergulho no escuro, uma viagem sem volta. 
Beijo é uma maneira de compartilhar intimidades, de sentir o sabor de quem se gosta, de dizer mil coisas em silêncio. 
Beijo é gostoso porque não cansa, não engravida, não transmite o HIV. Beijo é prático porque não precisa tirar a roupa, não precisa sair da festa, não precisa ligar no dia seguinte. 
E sem essa de que beijo é insalubre porque troca-se até 9 miligramas de água, 0,7 grama de albumia, 0,18 de substâncias orgânicas, 0,711 miligrama de matérias gordurosas e 0,45 miligrama de sais, sem contar os vírus e as bactérias. 
Quem está preocupado com isso? Insalubre é não amar. 

Mais um textinho da EXTRAordinária
Martha Medeiros

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sessão colírio

Zé Mané

Feriado em Porto Seguro, só podia render história, mesmo que piada. O clima estava gostoso, o sol apareceu e fomos uma turma boa passar esses dias conhecendo a região, sendo turistas na terra onde tudo começou (a “civilizar”). Passeio vai, passeio vem, nada sexuado, só amizade, mas sempre na esperança de acontecer um olhar mais malicioso e aconteceu no sábado. Começamos o dia vendo a caravela de Cabral, cuja origem do nome vem da criação familiar de cabras; depois pegamos quase duas horas de fila para atravessar a balsa e chegamos ao Eco Parque sem enxergar as piscinas, só pensando em matar a fome de comida. Alimentados de yakissoba e churrasquinho, tudo ficou mais colorido. Minha cor já voltava para a cara antes faminta quando resolvi dar uma voltinha sozinha, para ver se matava outra fome. Olhando ali, olhando aqui, nada interessante. Achei promissor um mergulho na piscina de ondas. Pose de sereia, lá fui eu. Mergulhava e subia devagar, rezando para abrir os olhos e ver um Zé perfeito pra mim. Um, dois, cinco mergulhos e meus olhos já ardiam com o cloro quando vi um boné, e uns olhos. Um homem me olhava. Olhei de lado. Passou na avaliação rápida. Olhei com mais interesse, parecia um pouco assustado. Deve ser casado, pensei. Mas passou o tempo e ninguém chegou perto gritando “momô”. Pode ser solteiro. E deve ser hétero! Comecei a empolgar e olhar mais. De repente o cara emerge e salta, como um boto, em um pulo esquisito. Aff, que coisa feia de ver! Com o desejo indo parar na unha do pé, tentei me recompor. Podia ser implicância, coisa de minha cabeça. Respira, pensava; mergulha, forçava; volta a sonhar, rezava. Enfim, fiz a sequência salva-vidas, e emergi, olhando fixo. E não é que o boto, ô, o cara pulou novamente? Me poupe! Saí da piscina batendo o pé e com cara fechada, estilo não-me-olhe-nunca-mais-senão-eu-lhe-mato. O idiota me seguiu o resto do dia, me fazendo ficar de mau humor. Praga. Essa é a receita de transformar um lugar legal, divertido, em um lixo: encontre um mala para ficar no seu pé, lhe olhando de longe feito um psicopata tarado, indo atrás de você até num toboágua de 17m de altura, com cara de debilóide de filme americano. Não mereço isso! Quero ir pra Marte!

sábado, 3 de abril de 2010

Paixão burra

Dá vontade me matar!!! Não sei porquê faço isso (sei sim, no fundo sei). 
Entro, posto, desabafo, digo que já era, que não quero mais... Palhaçada!
No mesmo dia ele me convidou pra almoçar. A sobremesa? Um beijo doce, desejado, e mais que esperado. Fiquei nas nuvesn, rindo à toa, mas parou por aí, ainda não perdi totalmente a cabeça.
Queria saber que diabos eu vejo num homem que não é bonito, nem alto, nem atlético, nem rico, nem tem um sorriso lindo? Essa mania que eu tenho de me apaixonar por homens inteligentes chega a ser irritante. 
Seria tão bom se eu me interessansse pelo loirinho... muito mais fácil. Mas que nada, cá estou eu caindo de paixão por um homem que, além de não atender aos requisitos básicos mencionados anteriormente, não tem tempo e ainda por cima é casado. 
Que infortúnio!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Esperando na janela

Na manhã insossa do início desse feriadão, recebi a ligação de um paquera das antigas. Me disse que eu sou especial demais, muito inteligente, que ama ler meus textos, que fica impressionado com minha criatividade.
Mais tarde, ganhei ovo de páscoa, recebi abraços afetuosos e tentativas de beijos. Foram vários os 'selinhos'. Ele chegou com o chocolate escondido, querendo fazer surpresa. Revelou que me acha uma loucura, que estar muito perto de mim é um perigo, porque 'a atração é muito forte'.
Pelo contexto do dia (coincidentemente primeiro de abril), qualquer uma poderia supor que fiquei muito envaidecida, me sentindo uma mulher realmente extraordinária.
Receber elogios ou me sentir desejada? Pra mim, tanto faz. Estou mesmo esquisita, achando tudo banal, normal.
O do telefonema, vez ou outra aparece, mas nunca me disse pra que veio. Nunca investiu de verdade em nós dois. Olha que eu bem que tentei!
O segundo, muito pior. Ele tem um detalhe (sórdido) em ouro, em forma de círculo, em um dos seus dedos da mão esquerda, que brilha mais que o sol em dias de verão. Uma aliança ordinária. Tô fora. É isso.
Estou fácil de ser lida. Eu continuo querendo ser conquistada, enlaçada, enamorada. Ah... estou meio assim, como o coelho jururu.
Ainda bem que ganhei chocolate...