terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Filhos de Gandhi – Sandália Richard e Meia Nike



Prometido, cumprido, escrevo meu primeiro texto ordinário com o tema mais inspirador do carnaval 2010 - apesar de não tão novo: a invasão dos Filhos de Gandhi “Genéricos” no carnaval de Salvador.
Começa pelo aeroporto onde encontrei um japa, de pele morena, dizendo que ia sair no Gandhi. Suspendi a sobrancelha esquerda, como sempre faço quando algo não me agrada muito, fingi normalidade e ainda
brinquei sobre o lance da troca de colares por beijos, costume que falaram hoje na TV ser símbolo de “status” para as mulheres que transpassam o colar no corpo, isso com uma seriedade psiquiátrica.
Acho o Gandhi um bloco lindo e tem muito homem bom lá, daqueles de dar água na boca, mas tá cansando a prepotência de uns caras que nem sabem o porquê das cores azul e branca e, quiçá, quem foi Gandhi, de achar que a gente tem que beijar na boca usada deles pra ganhar um colar comprado aos quilos no armarinho do shopping.
Antes comprar no camelô do que trocar beijos com esses genéricos fdp que entram nos blocos de graça, se aproveitando da tradição Gandhi, borrifando aquela alfazema da Farmácia Santana. Dá vontade de gritar que não me vendo barato, que meu passe vale muito mais, que se eu levei um fora o problema é meu e que se estiver infeliz o problema é meu também e ninguém tem nada a ver com isso! Ops, vivo dando arma para meus inimigos...
Abro parênteses para dizer que tenho/tive colar do bloco, dado por um Gandhi, já beijei um dos genéricos, já acreditei na mudança de status, ontem minhas amigas (extra)ordinárias que possuem discursos parecidos com o meu foram seduzidas pela água de cheiro e colares, uma beijou e a outra, pior, conversou com um genérico e descobriu o óbvio: que o cara tinha conteúdo simbólico zero. Mas nem por isso me entrego, continuo indignada, lutando pelo resgate da tradição e querendo que o bloco diferencie o sério do abusado, usando do conceito racial: eles brancos e azuis, os outros laranjas (podres).

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