sábado, 30 de junho de 2012

ARGH!

Em festas juninas é comum me defrontar com causos engraçados. Parece que atraio coisas e pessoas esquisitas. Isso, de certo, deve ser pra depois narrar aqui, nessas terras áridas por estórias extraordinárias.
As outras duas parecem mesmo estar de férias eternas. Nem sei mais o que fazer para despertá-las dessa letargia. Ok. Blogar deve ser um ato de liberdade. Deixemos isso de lado.
Vou contar a última das minhas aventuras numa noite de são pedro, pescador famoso.
A festa estava apinhada de gente, biscoitos, enfeites nas mesas, amendoim cozido, cerveja gelada e mais um punhado de guloseimas tradicionais. Tudo aprovado. Tudo gostoso. Churrasquinho feito na hora. Acarajé, também. Tudo quente, tudo limpo, tudo perfeito. Duas bandas revezaram o palco. Entre forrós e arrochas, nos esbaldamos por mais de cinco horas seguidas.
No meio da festança, ele apareceu. Silencioso, com chapéu estiloso, jaqueta de couro, calça jeans e uma camisa de listas, rosa- claro. Cabelos grisalhos. Olhar provocador. Parecia procurar por algo. Ou por mim? Não sei se foi ou é pretensão minha, mas o cara fixou o olhar em mim. Continuei fazendo a varredura nele e foi assim que cheguei nos pés calçados com um par de sapatos brancos.
O susto foi grande.Tive pena dele. A noite estava chuvosa, prometendo borrar qualquer tipo de textura nos pés, com muita terra molhada e grama verde.
O problema foi que não conseguia desviar os olhos daquele elefante branco. Será que ele era o noivo da quadrilha de são joão? Mas, me digam, e noivo usa sapato branco? Isso não é tradição da noiva? Gente, não seria possível alguém escolher um sapato dessa cor!  Concluí que sim, foi um desatino dele.
Enquanto eu enlouquecia com meus pensamentos tortos e sombrios, ele percebeu o meu olhar sobre ele e resolveu brincar de me encarar, também. A minha amiga entendeu a 'quase-paquera' e disse que iria pegar bebida ou ir ao banheiro, não sei ao certo. Continuei ali, parada, incrédula. O sapato do cara não saía dos meus miolos. Queria conhecê-lo. Precisava entendê-lo. Precisava descobri-lo.
Foi então que ele aproveitou que fiquei sozinha e me convidou pra dançar e eu fui, parecendo estar sob o feitiço do par das botinas cor de algodão.
A máxima "por fora, bela viola, por dentro, pão borolento" se aplicou perfeitamente ao causo. Quando ele me enlaçou, senti o cheiro [horrível] de couro vencido, sabe? Do tipo que nunca foi lavado e é guardado a cada verão e retirado do armário sempre no mesmo dia, no inverno de cada ano. 
Tive náuseas com o odor que emanava dele. Depois teve o hálito, tipo: comi, bebi, vomitei, dormi, comi de novo e me esqueci de escovar os dentes, sabe? Que nojo!!!
Claro que evitei me aproximar do corpo dele, emudeci pra não ter que respirar o mesmo ar pesado, e pensei em me afastar no meio da música. Desisti disso. Considerando o contexto e as longas horas da 'quase-paquera', precisava falar sobre o assunto que me levou até os seus braços. 
- Oh... estou com medo de pisar em seus pés.
- Pode pisar!
- Não... seu sapato é branco! Está todo limpo!
- Mas vai sujar... não me importo!
- Sério? Mas por que escolheu essa cor? Você é da área de saúde?
Ele riu alto revelando seus dentes sujos e fétidos. Eu sorri forçado, louca pra desaparecer como um raio.
- Não... eu gosto de branco. E combina com o chapéu.
- Ah....
Eu agradeci pela dança, puxei minha amiga para o outro canto da festa e torci pra chegar em casa logo, sã e salva, pra tomar um belo banho! E viva são pedro, pescador, que não me trouxe amor, nem calor, nem um [bom] sabor.
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Agora voltem ao titulo e repitam comigo.

2 comentários:

  1. Putz!
    Eu ia espirrar, vomitar e correr léguas de um traste fake desses!

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    1. Eu fiz tudo isso... espirrei e vomitei na escrita... risos.. beijo!

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