domingo, 31 de janeiro de 2010

Podres ou bichadas?


Ainda não sei. Extraordinário. Em tempos distintos, encontrei três laranjas aparentemente maduras e suculentas, na beira da estrada.

Preciso desabafar e contar sobre essas frustrantes experiências não sexuais, ou assexuadas, que infelizmente tive com um Arnaldo, um Carlinhos e um Zé.

Sofri bastante. Ri muito, também. Motivo de sessões de risadas entre amigas afortunadas, que nunca vivenciaram situações esquisitas como as minhas, e o pior, definiram que tenho um dedo podre para escolher sempre os mesmos tipos problemáticos. Tadinha de mim...

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A LARANJA NÚMERO 1:

Nada contra a desordem, mas comecemos pela letra A do seu nome. Arnaldo, como todo bom arnaldo que se preza, é um cara muito inteligente, bem sucedido, educado, limpinho, adora colecionar coisas como miniaturas, esportes radicais, tem boas maneiras, vários títulos, cartões de crédito, bons ternos, bons perfumes e, claro, algumas invejáveis viagens internacionais para exibir em suas fotos orkutianas.

Nos conhecemos num curso de extensão, que não vem ao caso falar sobre. Logo nos aproximamos, numa turma de 30, em que aparentemente éramos os únicos solteiros. Ele anotou no fim da apostila seu celular e colocou entre parênteses USE. Uau, fiquei animadíssima.

Logo trocamos msn, e passamos muitas horas teclando, teclando, teclando...

No primeiro encontro, após ele chegar de sua viagem para a Europa, me trouxe três lindos imãs de geladeira da Espanha, e um perfume francês. Isso tudo foi dado num jantar à luz de velas, num climinha romântico, quando juntos nos olhamos muito, encantados um com o outro, e bebericamos um vinho tinto perfeito.

Tudo levava a crer que dali nasceria uma linda história de amor. Ou que acabaríamos em pizza, afogueados o suficiente para concebermos uma primeira transa daquelas, que marcam por toda uma vida.

Não. Paramos num beijo demorado. Marcamos novos encontros, jantares, idas ao cinema, e estive até no altar (calma), na missa de formatura da sua segunda graduação. Sobre isso, creio ser, inclusive, uma tendência entre os quarentões divorciados.

Parecia mesmo que o namoro ia de vento em popa, não fosse pela ausência de sexo, após três meses. Claro que inicialmente imaginei ter encontrado um príncipe: bonito, charmoso, solteiro, em busca de uma relação estável! O sexo seria uma consequência de toda uma história verdadeira em construção.

Muita perfeição, só poderia dar no que deu. Não deu em absolutamente nada. Melhor, somente na vontade que tive de marcar (urgente) sessão com um analista, para descobrir se não seria eu, de fato, o problema.

Na noite em que estivemos mais próximos, após concluirmos uma prova on line, ele começou a me beijar, todo vestido e calçado, e quando percebeu que o clima esquentou, começou a me contar um caso (jurídico)  de um dos seus clientes. Perplexa, tive que me despedir dele, pois me disse que precisava ir embora, que já estava 'muito tarde'.

Pior que durante o tempo em que estivemos nesse namoro sem sexo, ouvia sempre a mesma propaganda da manhã, falando sobre médicos que tratam de problemas sexuais. Pensei até em gravar um vídeo e encaminhar anonimamente para ele. Pensei muito e resolvi não ser tão cruel.

Mas como a frieza era a sua maior marca, resolvi me despedir dele por e-mail, de forma bem diplomática e distante. Para mim, essa laranja estava bichada. Azar do Arnaldo, tão engomado.

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