Claro que de lá pra cá, nos assustamos, nos assombramos, nos indignamos, nos defendemos, aprendemos a dizer NÃO, com a boca cheia, nos recusamos a manter vínculos fakes, com ordinários sem noção.
Mas aí a Globo, com todo o seu poder de sedução no horário nobre, lança uma novela com uma proposta ousada: a de cultuar e validar que homens e mulheres podem [e devem] ter relações paralelas em segundo e até mesmo em terceiro plano.
Nos supreendemos com a validação de que uma piriguete pode ser amada e bem amada, mesmo não valendo nada, como o caso da Suelen. Ela é linda, e deve ser por isso. Que nada! Na vida real elas imperam, aos montes. Elas, as piriguetes que usam saltos de 15cm [como se estivessem de saltos de 15cm], se dão muito bem, no mundo das mulheres simples, sem maquiagem, que usam e abusam de sapatilhas e rasteirinhas.
"cahorro, safado, perigoso, sem vergonha e pronto pra te dar amor...*" |
Fato é que, sendo ele, mais um Carlinhos, nada mais natural do que trazê-lo para cá, no momento em que a realidade é a propulsora da ficção.
Não estou zangada com o culto aos triângulos e às traições permitidas. Escrevo hoje com bastante tranquilidade. Já entendi essa lógica há bastante tempo. Mas no nosso país, até onde conheço, a poligamia ainda é crime.
Outro dia, infeliz, numa mesa de bar com um Carlinhos [bem Cadinho], ele me olhou no fundo dos olhos, bem sério, e assumiu:
- Ok, estou enrolado.
[sim, típica frase de quem não tem coragem de confessar aos gritos: EU SOU CASADO! Fico pensando se se revelar isso [ser casado], é parecido com admitir um erro no trabalho, ou que se esqueceu de dar parabéns a alguém muito próximo, ou dizer na hora H, que não sentiu nada. Enfim, como nunca fui casada, não sei porque um homem tem tanta dificuldade de aceitar o seu real estado civil. Será que não se sente aliançado? Nunca se sentiu? Como é isso, God?]
Enquanto eu pensava nessas questões bobas, ele continuou... e pela testa franzida, parecia estar fazendo um sacrifício. Parecia estar num confessionário, com um padre bem severo diante dele.
- Você é especial e vou te falar toda a verdade. Mas com uma condição, que nada do que eu disser, seja impeditivo para investirmos em nossa relação.
[isso mesmo, fui obrigada a ouvir isso. Enquanto ele falava, e gesticulava com as mãos, eu fixei o meu olhar na mão esquerda e vi a marca da sua aliança ali, estampada para qualquer idiota perceber que tinha marca de sol e de saliência. Em imagem 3D, entendi que ali morava uma aliança recém-separada do seu dedo predileto].
- Ok. Conta.
Não adiantava dizer o óbvio. Queria ouvir como ele iria narrar. Queria saber quantos litros de óleo de peroba eu teria que usar, para passar em sua cara de madeira.
- Nós não estamos bem. Moramos em cidades diferentes e me sinto muito só. Não tenho com quem conversar coisas do dia a dia. Tenho vontade de contar como foi no trabalho, e ela não está lá em casa quando eu chego.
[eu preciso dar pausas, para você, leitor(a), me ajudar a interpretar essa "leva" de pensamentos levianos e tortos e machistas].
- Sim, entendo...
[Enquanto ele tentava construir uma raciocínio lógico para justificar a importância de mim na vida dele, nesse momento difícil de solidão forçada, meu olhar ia longe em sua mão esquerda. O anel imaginário não saía da minha imaginação. Fiquei pensando se tinha o nome da coitada que mora em outra cidade, ou uma frase de efeito "te amo, para sempre"].
- ... eu quero muito que você me entenda, e perceba que estou sendo sincero. Adorei te conhecer, adorei seu cheiro e sei que a nossa história não pode acabar assim, se nem começou...
[...]
Nos despedimos e não consegui encontrar uma loja que vendesse a quantidade de óleo de peroba suficiente. Ele não é só um Cadinho encarnado para vida real. É um Carlinhos ordinário, que merece perder a esposa, e conquistar uma piriguete que ama salto 15. Eu amo as minhas rasteiras.
O pior: ele pode gostar de rasteiras.
ResponderExcluirÉ, eles curtem rasteiras!!! kkkkkkk enquanto nós olhamos para as mãos, em busca de sinais, eles olham para as pernas, pés, e tudo isso que você está pensando... risos...
ExcluirA Globo tem o poder nas mãos...E esta tratando do assunto com naturalidade... Que país é esse?
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkk... é a [pxxxa do Brasil].... odeio esse refrão, quando estou num show... risos... mas não houve outro jeito... tive que me lembrar.
ExcluirBanalizou, né? Acho que a mulherada baixou a guarda demais e agora é tarde.
ResponderExcluirTá na chuva, se molha logo! Depois pensa.
um beijo!
Ah, sem dúvida... a banalização ocorreu cedo, desde que o mundo se fez mundo, desde que eva viu a uva e comeu a maça... mas a culpa não é da maçã, nem da uva, nem de eva.... não existem culpados. Existem cúmplices.
ExcluirOs homens tem aptidão para a canalhice... Fazem isso tão bem. A novela esta satirizando, pq os "Cadinhos" ate se sentem atraidos por uma Suelem, mas mulheres de rasteirinha sao seus alvos perfeitos. Claro minar a resistencia, inteligencia e a sanidade eh o trofeu baby, cá entre nós as vezes eles conseguem. Cadinho eh um fanfarrao, e esse Carlinhos ahhh cafa pão com ovo. Veja bem não to aqui falando q concordo, mas tem Cadinhos e Cadinho kkkkkkk
ResponderExcluirMas há mulheres canalhas, com ou sem saltos 15 de aleijar qualquer mortal.
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