segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Aos Cadinhos da vida

Esse blog contém cenas reais, fictícias, fragmentos, histórias, tragédias e romances com os Arnaldos, Carlinhos e Zés. Quando foi lançado, nos idos 2010, só pensávamos em pisotear [via escritos] nos cafajestes e malfeitores. Nos homens que nos subestimavam, minavam com nossa estima e com nossa esperança de sermos felizes no sexo e no amor, ao mesmo tempo e se possível, com a garantia da exclusividade no suposto "contrato" da relação.
Claro que de lá pra cá, nos assustamos, nos assombramos, nos indignamos, nos defendemos, aprendemos a dizer NÃO, com a boca cheia, nos recusamos a manter vínculos fakes, com ordinários sem noção.
Mas aí a Globo, com todo o seu poder de sedução no horário nobre, lança uma novela com uma proposta ousada: a de cultuar e validar que homens e mulheres podem [e devem] ter relações paralelas em segundo e até mesmo em terceiro plano.
Nos supreendemos com a validação de que uma piriguete pode ser amada e bem amada, mesmo não valendo nada, como o caso da Suelen. Ela é linda, e deve ser por isso. Que nada! Na vida real elas imperam, aos montes. Elas, as piriguetes que usam saltos de 15cm [como se estivessem de saltos de 15cm], se dão muito bem, no mundo das mulheres simples, sem maquiagem, que usam e abusam de sapatilhas e rasteirinhas.

"cahorro, safado, perigoso, sem vergonha e pronto pra te dar amor...*"
Temos certeza ainda que ordinários como o Cadinho, vivido muito lindamente pelo Alexandre Borges, que na trama na verdade se chama Carlos Eduardo, pode sim, ter três mulheres, três famílias, quiçá três amores. Tem que ser rico, pra isso? Nada. Não precisa.
Fato é que, sendo ele, mais um Carlinhos, nada mais natural do que trazê-lo para cá, no momento em que a realidade é a propulsora da ficção.
Não estou zangada com o culto aos triângulos e às traições permitidas. Escrevo hoje com bastante tranquilidade. Já entendi essa lógica há bastante tempo. Mas no nosso país, até onde conheço, a poligamia ainda é crime.
Outro dia, infeliz, numa mesa de bar com um Carlinhos [bem Cadinho], ele me olhou no fundo dos olhos, bem sério, e assumiu:
- Ok, estou enrolado.
[sim, típica frase de quem não tem coragem de confessar aos gritos: EU SOU CASADO! Fico pensando se  se revelar isso [ser casado], é parecido com admitir um erro no trabalho, ou que se esqueceu de dar parabéns a alguém muito próximo, ou dizer na hora H, que não sentiu nada. Enfim, como nunca fui casada, não sei porque um homem tem tanta dificuldade de aceitar o seu real estado civil. Será que não se sente aliançado? Nunca se sentiu? Como é isso, God?]
Enquanto eu pensava nessas questões bobas, ele continuou... e pela testa franzida, parecia estar fazendo um sacrifício. Parecia estar num confessionário, com um padre bem severo diante dele.
- Você é especial e vou te falar toda a verdade. Mas com uma condição, que nada do que eu disser, seja impeditivo para investirmos em nossa relação.
[isso mesmo, fui obrigada a ouvir isso. Enquanto ele falava, e gesticulava com as mãos, eu fixei o meu olhar na mão esquerda e vi a marca da sua aliança ali, estampada para qualquer idiota perceber que tinha marca de sol e de saliência. Em imagem 3D, entendi que ali morava uma aliança recém-separada do seu dedo predileto].
- Ok. Conta.
Não adiantava dizer o óbvio. Queria ouvir como ele iria narrar. Queria saber quantos litros de óleo de peroba eu teria que usar, para passar em sua cara de madeira.
- Nós não estamos bem. Moramos em cidades diferentes e me sinto muito só. Não tenho com quem conversar coisas do dia a dia. Tenho vontade de contar como foi no trabalho, e ela não está lá em casa quando eu chego.
[eu preciso dar pausas, para você, leitor(a), me ajudar a interpretar essa "leva" de pensamentos levianos e tortos e machistas].
- Sim, entendo...
[Enquanto ele tentava construir uma raciocínio lógico para justificar a importância de mim na vida dele, nesse momento difícil de solidão forçada, meu olhar ia longe em sua mão esquerda. O anel imaginário não saía da minha imaginação. Fiquei pensando se tinha o nome da coitada que mora em outra cidade, ou uma frase de efeito "te amo, para sempre"].
- ... eu quero muito que você me entenda, e perceba que estou sendo sincero. Adorei te conhecer, adorei seu cheiro e sei que a nossa história não pode acabar assim, se nem começou...
[...]
Nos despedimos e não consegui encontrar uma loja que vendesse a quantidade de óleo de peroba suficiente. Ele não é só um Cadinho encarnado para vida real. É um Carlinhos ordinário, que merece perder a esposa, e conquistar uma piriguete que ama salto 15. Eu amo as minhas rasteiras.

8 comentários:

  1. Respostas
    1. É, eles curtem rasteiras!!! kkkkkkk enquanto nós olhamos para as mãos, em busca de sinais, eles olham para as pernas, pés, e tudo isso que você está pensando... risos...

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  2. A Globo tem o poder nas mãos...E esta tratando do assunto com naturalidade... Que país é esse?

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    1. kkkkkkkkkkkkk... é a [pxxxa do Brasil].... odeio esse refrão, quando estou num show... risos... mas não houve outro jeito... tive que me lembrar.

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  3. Banalizou, né? Acho que a mulherada baixou a guarda demais e agora é tarde.
    Tá na chuva, se molha logo! Depois pensa.

    um beijo!

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    1. Ah, sem dúvida... a banalização ocorreu cedo, desde que o mundo se fez mundo, desde que eva viu a uva e comeu a maça... mas a culpa não é da maçã, nem da uva, nem de eva.... não existem culpados. Existem cúmplices.

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  4. Os homens tem aptidão para a canalhice... Fazem isso tão bem. A novela esta satirizando, pq os "Cadinhos" ate se sentem atraidos por uma Suelem, mas mulheres de rasteirinha sao seus alvos perfeitos. Claro minar a resistencia, inteligencia e a sanidade eh o trofeu baby, cá entre nós as vezes eles conseguem. Cadinho eh um fanfarrao, e esse Carlinhos ahhh cafa pão com ovo. Veja bem não to aqui falando q concordo, mas tem Cadinhos e Cadinho kkkkkkk

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    1. Mas há mulheres canalhas, com ou sem saltos 15 de aleijar qualquer mortal.

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