sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ele, o samurai

Essa história é atemporal, ok? Não imaginem que aconteceu ontem, ou mesmo na semana passada. Ou mesmo se aconteceu. Aliás, o tempo real está tão fora de moda quanto de propósito. Afinal, para que serve um  relógio ou um cronômetro, senão para medir a passagem do tempo? Ou seja, se já passou, não importa quando.
Esse mistério todo é justamente para que entrem na lógica do mundo virtualizado. Pouco interessa se chove, faz calor, se é inverno ou verão. Talvez a lua cheia poderia fazer parte dessa narrativa, já que na noite do dia extraordinário ela estava lá, alta, imperiosa, exigindo loucuras sexuais dos humanos.
Então, já que não é pra falar de quando o evento aconteceu, por que samurai mesmo?
Ah, isso é simples e até divertido contar. Posso contar. 
Dizem que o amor atrai...
Ele, o samurai, é um homem de estatura mediana, quase alto, negro, de cavanhaque bem desenhado, de olhar terno, de mãos grandes e sorriso largo. Me lembra um ator que gosto muito, que agora está em cartaz com Homens de Preto, parte acima de 2. 
Ele, o samurai, tem costas largas, um cheiro de gente limpa, sabe? Que se cuida, que tem higiene, que não vai a um encontro com uma mulher sem antes tomar um banho demorado e passar loção pós-barba.
Eu e ele, o samurai, já nos conhecíamos de velhos carnavais. Quando nos reencontramos, ao acaso, exatamente na atemporalidade característica das relações casuais do século 21, decidimos trocar telefones, para que não nos 'perdêssemos mais de vista'. 
E eu digitei seu número e salvei aleatoriamente. Desse salvar de qualquer jeito, o número dele passou a pertencer a alguém da minha agenda telefônica que tinha o sobrenome-apelido de samurai.
Confesso que tentei modificar, mas como perdi a paciência com o teclado do aparelho, assim permaneceu o codinome beija-flor, digo codinome samurai, com exclusividade só para mim, e pelo visto, para todo o sempre.
Tive que contar para ele sobre seu novo nome, o que nos rendeu muitas risadas e até deu um toque de cumplicidade entre nós, a cada vez que me telefonava; e de lá em diante, passamos a nos comunicar muitas vezes, e ele, o samurai, passou a querer me reencontrar outras tantas.
Não tive paciência de fazer pesquisas mais rebuscadas. Fui então à wikipédia e descobri coisas bem simples, mas interessantes sobre:
  • O nome "samurai" significa, em japonês, "aquele que serve". Portanto, sua maior função era servir, com total lealdade e empenho, o Imperador. Eu, imperadora, poderosa? Não, não me vejo assim.
  • (...) Era esperado dos samurais que eles não fossem analfabetos e que fossem cultos até um nível básico. Nossa, o "meu" surpreendeu. Ele é bastante culto! Tem até um MBA em seu currículo. Uau!
  • Os samurais obedeciam a um código de honra não-escrito denominado bushidô (caminho do guerreiro). Segundo esse código, os samurais não poderiam demonstrar medo ou covardia diante de qualquer situação. Aí deu pra mim. Percebi logo que, além de insistente, ele sabe como lutar. A mão dele pousada em minha perna me disse exatamente isso.
Também me dei conta de que Djavan tem uma música com esse título. E finalizo com ela, abaixo, concluindo que há mais coisas a acontecer [bem debaixo dessa ponte], entre o céu e a terra. 
Ele, o samurai, é forte, viril e ficou de me telefonar qualquer hora dessas, pra pousar suas mãos ágeis em mim. 
Tempo, tempo, tempo, tempo... e "ai, quanto querer, cabe em meu coração...".


12 comentários:

  1. Adorei!
    Como sempre, texto maravilhoso!
    beijo,
    Mari

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  2. "...mas eu tô tão feliz..."

    Se for assim, já tá valendo.

    bjo e boa sorte!

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    1. feliz, feliz, não.... mas dá um frescor.... risos..
      Sorte, sempre!! Bj, também!

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  3. Amiga você é demais...brinca com as palavras....adorei....bjs

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    1. Brincar é só que posso me dar ao luxo de fazer... estou a serviço do samurai, quer dizer, do lúdico! Ao menos na escrita... risos..

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  4. Amiga , adorei ... Inteligente com toques de humor... Bravo!!!

    Bianca B. by FB

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  5. Como sempre, maravilhoso

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  6. Pistas de que esse tempo não tem tanto tempo assim... O cara deve ser o samurai mesmo para mobilizar a extra a escrever um texto a parece não tem pistas do fim... Iiiiiiiii, tá paxonada

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