domingo, 20 de fevereiro de 2011

Inoculamos amores vãos

O cenário foi um curso na semana passada, onde o consultor muito instruído e com oralidade perfeita lança um “inocular X a Y” e eu começo a viajar na palavra. Ele não falou apenas uma vez, mas várias, ou pelo menos o suficiente para que eu inoculasse a palavra ao meu dicionário interior, criando imediatamente o desejo de escrever algo que tivesse a palavra logo no título. Eis que surge, com a deixa da extra-aniversariante, esse texto sobre como inoculamos amores vãos (ou não).


Isso não tem nada a ver com vírus, soro, vacina ou qualquer microorganismo causador de doença. Tem a ver com pessoas e relações. Penso quantas fantasias já inoculei em nome da paixão, quanta gente que ficou entranhada em minha cabeça, meu coração, mais tempo do que devia e hoje olho e não sinto nada – um grande VIVA para isso! Tá bem, outras estão aqui ainda. É sobre três que vou falar. Um Carlinhos, um Arnaldo e um Zé.

Arnaldo é de outro país, outro mundo, outro sistema cognitivo, inoculado no carnaval de 2005. Me mostrou que o mundo é grande e está ao alcance de todos. Me deu presentes que só um príncipe e me ensinou a olhar além do meu contexto. Me fez sorrir e me fez sofrer. Ficamos um tempo sem nos falar e voltamos a pouco mais de um ano, nossas vidas muito diferentes, mas com um carinho para vida toda que acabou com as mágoas do passado. Nunca me chamou de amiga.

Carlinhos é meu desejo, minha pele, meu cheiro, meu sorriso, meu tudo preferido, inoculado no carnaval de 2006. Com ele vivi coisas divertidas, livres e felizes, aquelas que a gente quer lembrar quando ficar velhinha, e hoje ri sozinha quando lembra. Me fez sorrir (muito) e me fez sofrer e nunca me chamou de amiga. Me chama por apelidos gostosos, manda uns torpedos doidos e mensagens engraçadas nos momentos mais inusitados, aqueles que quando a gente recebe fica lendo e relendo e pensando e lembrando e desejando... Ai, ai. Ainda inoculado.

Zé não é um cara em especial, são todos os outros. Esses que também me fizeram sorrir e me fizeram sofrer (muito). Esses que lembro mais da parte triste que da feliz. Nunca me chamaram de amiga, mas eu faço questão de chamá-los assim. Mantenho a distância para que eles saibam que EU não quero mais, chega, vivam suas vidas e suas escolhas que estou tocando a minha própria vida e minhas escolhas. Ficou inoculada apenas a lição de manter a distância. Não os quero nem como amores nem como arrimos emocionais/sexuais. The end, fim!

É isso: “vivendo, amando e aprendendo”; comendo, rezando e amando; inoculando, gerundiando e escrevendo sobre o que importa ou não. Eis-me aqui em catarse extraordinária.

3 comentários:

  1. Inoculada estou com tanta inoculação sobre os Arnados, Carlinhos e Zés da minha vida... muito bom, o texto, Extra!!! Conta mais!!

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  2. Nossa! Incrível o texto, e principalmente o final. Acho que temos mais é que nos inocular, e sabe o que mais? Amor não é igual catapora, q vc pega uma vez e acaba, amor é igual gripe: vc pega uma vez por ano, eles inventam mil vacinas... mas ainda assim sempre estaremos sujeitos a ela!

    Bejo!

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  3. Inoculemos, pq em bom português, a fila anda. Ou ainda usando a metáfora do Edu, estou gripada novamente depois de acreditar que a vacina finalmente faria efeito.

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