sábado, 4 de junho de 2011

"Segredos de liquidificador"

"...você sonhava acordada.."
Sempre ouvi dizer que paixões avassaladoras não tem hora e dia certo para acontecerem. Sempre ouvi dizer que encontramos um novo amor ao acaso: numa fila de supermercado, num posto de gasolina, numa livraria, numa esquina, num carnaval, já quando a quarta de cinzas está por perto. Nunca ouvi dizer que encontramos um par ideal, daqueles de provocar suspiros e torcermos para encontrá-lo nos dias seguintes, em uma balada. Na noite, encontramos aventuras, ilusões, bebedeiras e muita, muita ressaca.
Posso parecer repetitiva e óbvia demais, mas é justamente sobre um encontro desses, nas baladas da vida, que quero narrar para vocês, leitores assíduos e sedentos por diversão, nesse cantinho miúdo e despretencioso da net.
Eu tenho uma triste mania, que parece um mantra, quando digo "hoje eu vou beber". Quem está ao meu lado, sempre solta um "ai, meu deus, lá vem turbilhão de emoções ou confusão das brabas!"; eis uma pura verdade. Sempre me meto em enrascadas quando resolvo apelar pra cervejas, drinks, espumantes e afins.
Era uma noite de sexta-feira. Tinha tido uma semana difícil, cheia de compromissos e prazos para cumprir no trabalho. Não estava com vontade de descansar. Pelo contrário. Queria exaustão, a ponto de querer ver o outro dia chegar sem queimar pestanas. E disse pra mim mesma "hoje eu vou beber". Ninguém me ouviu, desta vez. Deveria ter dito isso ao lado de algum amigo, pois quem sabe, a razão alheia me faria estancar o que estava pra me acontecer. Mas não ouvi conselho algum. Comprei fichas de cerveja e começei a beber sem pressa, com liberdade, com vontade. A festa estava boa. Gente estranha, poucos conhecidos. A música estava ótima. Um sambinha sempre cai bem. Como diz Jorge Aragão, "tudo acaba em samba...". Se bem que tudo poderia acabar em forró, em pop rock, ou até em axé....creio que, naquele dia, qualquer som me caberia bem, tamanho o meu desejo de esquecer os problemas do cotidiano e curtir  uma noitada.
Ele me viu no balcão, trocando mais um ticket por outra cerveja. Eu já o tinha visto, logo na entrada. Parecia da minha idade, o meu 'top'. Cabelos grisalhos, sorriso largo, uma camisa branca, de malha, calça jeans e tênis. O cheiro que emanava era aquele perfume que amo, 212. Esse cheiro me envenena. Fico seduzida. Não precisava de mais nada para nos aproximarmos. Simplesmente sorrimos um pro outro. No momento seguinte, já estávamos íntimos, juntinhos na pista, corpos grudados, rindo de bobagens ditas sobre bobagens que sempre dizemos nessas horas. Ele me cheirou e reconheceu meu perfume. Disse ser o seu predileto. Ri da 'nossa' cumplicidade. Mais um encontro extraordinário. Pensei comigo: estava eu ao lado do meu príncipe, o príncipe daquela noite. Sabia que no the day after, nem nos veríamos mais. Eu de um estado, ele de passagem. Isso não me incomodou. Estava afim de diversão, não de casamento. Dançamos muitas músicas, trocamos carinhos, mais bobagens ditas ao pé da orelha. Me lembro sempre da música de Cazuza, nesses momentos. Saímos de lá, embriagados de desejos. Não me lembro do que ocorreu depois da nossa saída. Mas é fácil advinhar. Só lembro que não fechei as pestanas e cheguei em casa, inteira e com ressaca, quase ao meio-dia. E ele? Ah, o sapo ficou lá, dormindo, verde, gelado e roncando em seu brejo.

4 comentários:

  1. Parece até alguém que eu conheço..heheheheh
    Mas é assim que temos o que contar. rs

    bjinhos
    Nina

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  2. Nesses casos depois da meia noite o encanto sempre acaba.

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  3. príncipe do bom, sempre vira sapo na manhã seguinte....kkkkkkk

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  4. Uma paixãozinha ocasional, de vez em quando, numa balada é muito bom. Sou PHD neste assunto...kkk
    Deixa lembranças de momentos bons e não só a ressaca...rsrsrs

    Bjsssssssssssss

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