domingo, 25 de julho de 2010

No meio do caminho, tinha um cavalo!

Sei que isso não é uma forma sutil de começar a narração sobre uma saída "mico", em uma noite de sábado. Mas convenhamos, sabemos que pedras são obstáculos muito comuns na vida noturna, sobretudo quando a relação homens disponíveis versus mulheres disponíveis está cada vez mais negativa, pendendo para o insuportável.

Fato. A ala masculina interessante e disponível está em fase de extinção, como alguns animais que o globo repórter anuncia, a cada quinze dias. Claro que os grandes repórteres televisivos intercalam momentos extraordinários entre uma reflexão séria sobre os ursos ou leopardos e outra mais ainda instigante sobre o que ocorre por dentro de nós quando nos apaixonamos...

E por falar em paixão, e voltando a falar no que comecei a narrar, hoje fui arrastada por mais duas, para um aniversário de alguém que eu não conhecia. As justificativas foram todas convincentes do tipo: “vamos, você vai conhecer pessoas novas”, “em casa não vai acontecer nada”, “o jantar vai ser fantástico” e por fim dispararam “muda a sua rotina, que você dará chance ao acaso”.

Ouvi tudo, concordei com a cabeça, saí da net a contragosto e me produzi para o grande evento. Escolhi um pretinho básico, pus uma meia da moda (fio 80) e minha nova e linda aquisição: um scarpin cor de uva. Maquiagem, cabelo escovado, emocionada com a possibilidade de me surpreender. Eu vou tentar descrever em poucas linhas, antes de chegar ao cavalo parado no meio do meu caminho, ok?

Festa de uma mulherzinha de 28 aninhos (ai, inveja... flor da idade). 10 mesas alocadas no final de um grande salão dentro de um clube (desses de bancários), visualizou? Pois bem. No palco um homem em pé e um teclado, com o mesmo ritmo tocando coisas como “esse alguém sou eu, ai, ai, sou eu...”. Um horror aos meus ouvidos tão acostumados com Lenine, por exemplo.

Das dez, cinco mesas ocupadas: os pais da “jovem”, tios e primos, na outra dois casais se requebrando nas cadeiras (não entendi porque não estavam dançando já que eram pares), na outra mais três casais e um coitado feio, com alguns dentes a menos, também se requebrando na cadeira (esse ficou assim, nas duas horas que suportei a festa de arromba). Na última mesa, claro, a moçada reunida, os animadinhos, os mais felizes.

Olhei em volta procurando por garçons e me apareceu uma mulher de preto, garçonete séria e rápida. Parecia a mulher gato, tão ágil com copos e bandejas. Ela nos serviu nas primeiras rodadas e por fim se cansou e começou a despejar a garrafa inteira de cerveja na mesa. Será que se cansou? Ou era o combinado para deixar os convidados mais a vontade com o manuseio? Enquanto pensava isso, a aniversariante com idade de fazer inveja se aproximou sorridente e eu fui taxativa:

- Cadê os rapazes solteiros da festa?
- Não sei se existem e se virão.

Eu sorri incrédula com a falta de perspectiva de uma mulher com apenas 28 anos. Meu Deus, nessa idade, me lembro que as coisas estavam melhores. Ou o meu grau de exigência era menor? Não sei. Ela começou a contar do paquera que tinha conhecido na semana anterior. Perguntei se estavam se falando, se ele ligou para parabenizá-la e ela disparou novamente:

- Não ligou nem acho que vai ligar. Eles não ligam. Já sei que é assim.
Fiquei com peninha dela, tão novinha...

O jantar foi servido. Claro que comi e não gostei. A intenção era outra. O tecladista estava surtando nos arrochas, e o meio feio meio banguela, junto com ele. Eu vi que outra mesa tinha sido preenchida. Eram homens vestindo roupas de algum esporte. Talvez futebol, desse mesmo clube. Ou seja: ali estavam, ali chegaram à festa, ali iam ficar, daquele jeito: com tênis, jaquetas de tecido sintético, com números gigantes demarcando quem era quem no time. Todos muito desarrumados e claro, com alianças enormes. Neste momento, um me chamou a atenção. Estava escrito no seu casaco: ARNALDÃO. Uau. Era grande, simpático, com cabelhos grisalhos. E a aliança confirmou que ele também já tinha sido fisgado por uma mulher mais esperta que eu. Bingo (pra ela).

A festa estava “bombando” desse jeito. Implorei com o olhar pra irmos embora. Todas levantaram imediatamente. E no caminho pra casa, com meu scarpin cor de uva, um cavalo estava literalmente parado, no meio da pista. Eu apenas sorri e disse: agora tenho que escrever sobre isso. Nada de homens. Nada de paqueras. Um cavalo surgiu, anunciando que a ala masculina (e disponível) está “quase extinta”. As bestas estão por toda parte, dominando tudo.

6 comentários:

  1. acho que é um caso de ponto de vista seu, o quasefeioquasebanguela parecia ser bacana, vc nao era assim exigente

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  2. Olha só...ele realmente chamou a atenção, Marcelo...mas não a minha..talvez a do tecladista!!

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  3. extraordinariamente com sono diz: creindeuspai, q miséria de festa! ontem fui em uma tmb, num clube de interior, com mesas dispostas de forma parecida. tinha mais solteiros, mais banguelas, porém a música estava ótima e levei vinho que fez toda a diferença. me empenhei em formar um casal, unindo um solteiro bonito com uma solteira bonita que estavam solteiros. o problema só apareceu hj com a ressaca... sempre ela...

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  4. Os homens parecem que realmente estão em caminho de extinção!! Hehehehe....Acho que ainda não...A esperança ainda é a última que morre....Pelo menos vc conhecer algum novo .."o cavalo" é claro....“O homem solitário é uma besta ou um deus.”Aristóteles

    Mas não desista....Saia ...Tente...Invente... Pelo menos usou uma roupa poderosa...procurou...e sorriu muito...

    bjssss

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  5. Rapaz..pedras, cavalos...como viajante lhe digo...a vida é dureza, e os bestas estão pelos 4 cantos...ninguém merece!

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  6. Graças a Deus que o Arnaldão era casado. Azar da bruxa que casou com ele!

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