sábado, 22 de outubro de 2011

A vez deles

Todas as solteiras em pânico. Eu estou no meio delas, óbvio e infelizmente. Não queria somar. Queria dar a receita da felicidade. Mas não sou boa em auto-ajuda. Nunca fui.
Pesquisa concluída em três estados brasileiros visitados: não há homens disponíveis, solteiros, sensíveis, inteligentes, cheirosos, limpinhos, bem resolvidos, com carreiras consolidadas, sem passados problemáticos, dentes brancos, virilidades em dia, ótimas amizades, famílias receptivas, ou ao menos filhos receptivos, espirituosos, leves e charmosos.
Olhem que bacana: sequer coloquei como 'perfil' coisas que antes eram muito importantes como: o sujeito ter um corpo atlético, ser um moreno alto, bonito e sensual, pertencer a uma religião x ou y, ou simplesmente não ser um vegetariano chato. Avanços, após anos de frustrações. Parabéns pra mim!
As mais ou menos exigentes costumam associar duas ou  três características dessas. Gostam de homens com carreiras consolidadas e que são solteiros mas não se incomodam com os que chegam com seus kits prontos (filhos, cachorros e ex-mulheres).
Há o grupo de ordinárias desesperadas que ficam satisfeitas com o preenchimento de apenas um requisito: "estar disponível".
Eu retruco com essas últimas. O fato de ele estar disponível no mercado, que não está pra peixe, não significa que ele está disponível para um relacionamento sério, como nos sugestiona (e incomoda) o status do facebook.
Então, minha hipótese, já defendida há bastante tempo, é que devemos enxergar um grupo ascendente: os viúvos. Explico. A possibilidade de suas digníssimas esposas falecerem é grande. Todos morreremos um dia. Elas, idem. Pode ser que morram de acidentes aéreos fatais, ou batidas de carro, ou doenças crônicas, descobertas há um mês. Uma lástima. Vão ficar doidos e doídos. Precisarão de muito consolo e colo. Olha nós na fita!
Não desejo que ninguém morra, claro. Não sou maquiavélica, nem estou conspirando em favor da morte de nenhuma senhora bem casada, com um maridinho fofo, que reúne mais de três qualidades almejadas pelas solteiras de plantão.
Também não me vejo batendo ponto em funerais, para identificar recém-viúvos doidos de sofrimento ou doídos com as perdas das suas mulherzinhas sortudas.
Mas cá entre nós, que elas ou eles não nos leiam, a verdade é que tem mulher demais na parada. E o pior, no Brasil, a bigamia (ainda) é crime.
Silêncio....

domingo, 9 de outubro de 2011

Paixão: o avesso do amor?

Coisa antipática, o tal do esperar. Do criar expectativas. Do aguardar. Do ansiar. Do ficar à espreita.

Nunca fui do tipo "mulherzinha", nem no bom nem no mal sentido, se é que existe um mal sentido para ser e estar mulherzinha, num tempo em que a humanidade tem mais delas do que o contrário. Se é maioria, deve ser porque é muito bom. Só pode.

Quanto a mim, cada vez entendo menos esse jeito de ser e estar mulherzinha. A tal da independência que dizem muitos que tenho, e de sobra, é outra coisa que creio ser falsa. Não me sinto autosuficiente, independente. Nem mulherzinha. Essa confusão em minha identidade só não é pior porque pouco penso sobre isso. Hoje é um dia desses. Quero falar disso.

Me causa estranheza ficar à mercê dos acontecimentos. À mercê do tempo. Eu sou ligeira. Gosto de resolver trocentas coisas num mesmo tempo. Escrevo, checo e-mails, converso, como, ouço músicas, vejo programação de filmes em cartaz, atendo ligações, vejo o tempo, se está bom para tomar sol, ou dar uma caminhada. Checo a porra do celular, pela milésima vez, pra ver se encontro uma ligação perdida, ou ao menos um torpedo.

Sou avessa a palavrões na escrita. Quem me conhece um pouco melhor, sabe o quanto sou comedida, e muitas vezes formal, bem diferente de como me manifesto olho no olho. Mas, caralho, tô muita pirada comigo. Por estar à mercê da sorte. Sonhando com uma coisa que nem sei se existe, ou se é fruto da minha doença, em ver beleza e poesia em tudo, inclusive nele, objeto dos meus últimos desejos de consumo.

Queria consumi-lo, mesmo, sem moderações. Pouco me importariam os efeitos colaterais. Claro, já estou sob o efeito de todos eles, exatamente como aqueles piores, das bulas dos remédios tarja preta.

Puta que pariu! A mulherzinha independente aqui está, literalmente, de quatro, por aquele careca, barrigudo, que não me dá notícias a insuportáveis três dias. Ele só pode ser filho de uma descabaçada!

Nessas horas, não me entupo de calmantes, nem como chocolate. Sempre recorro a uma mulherzinha desaforada e extraordinária, que adoro: a Baratinha...

É que preciso dela, pra (conseguir) achar graça, desse estado de letargia em que me encontro. Vai, queridona, dá seu recado, aí, sem medo de se expor....

domingo, 2 de outubro de 2011

Expectativas no armário

agradar é um dom
Preparar-se para um encontro amoroso é sempre momento de tensão, para qualquer mulher, independente da idade. Um misto de ansiedade com emoção toma conta da gente.

Claro que isso não se aplica a encontros com maridos ou namorados. Esse friozinho na barriga, só acompanha as sortudas, naquela fase mágica , do início de uma nova paquera...

Sobre isso, me recordo que minha preocupação, na adolescência, era saber com que roupa ir, e o que dizer pro garoto, quando estivéssemos cara a cara. Ensaios em frente ao espelho não faltaram. Era o medo de falar bobagem e assustar (e afugentar) o pretendente.

Na vida adulta tem sido só um pouco diferente. A preocupação "com que roupa eu vou", por incrível que pareça, ainda persiste. Aliadas a outras grandes decisões, como escolher a lingerie mais adequada para o momento. Isso é muito importante!!!

O medo de falar bobagem já não me assusta faz tempo. Descobri que os homens são os ogros mais talentosos em falar grandes bobagens, naqueles momentos sublimes, que esperamos ouvir sininhos e coisas sutis, delicadas, sensíveis.

Para tomar essas decisões sempre consulto uma das ordinárias daqui, por telefone, para que ela me ajude a escolher como vou me apresentar para um possível affair.

Digo possível affair porque, de concreto, tenho mais torpedos dele do que atitudes de macho alfa, que eu amaria que ele tivesse. Mas tenho que ser menos exigente. Já sei disso, também.

A ordinária me perguntou: "existe alguma alternativa que não seja ele?" Eu prontamente respondi: "num raio de 1200 km, não!". Rimos e concordamos. Eu preciso e devo avançar o sinal com esse único disponível.

Mas o encontro planejado nem aconteceu. A roupa escolhida ficou separada em cima da cama, acompanhada da lingerie. O celular ficou mudo, o sono me acompanhou fortemente, e dormi em cima do projeto de saída.

Como ele sabe fazer bem o jogo da sedução, a sessão torpedos continuou. Marcamos um novo encontro. Claro que não vou chatear a ordinária, só porque o dia mudou e o horário difere do anterior. Decretado: a roupa vai ser a mesma. A lingerie, não... :)